sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Pedagogia da Cooperação: Construindo um Mundo onde Todos podem VenSer!

Fábio Otuzi Brotto
Projeto Cooperação – Comunidade de Serviços
Florianópolis-SC. BRASIL
fabiobrotto@projetocooperacao.com.br
Começando Juntos…
“Uma visão sem uma tarefa, é apenas um sonho.
Uma tarefa sem uma visão, é somente um trabalho árduo.
Mas, uma visão com uma tarefa, pode mudar o mundo”.[1]
Quando falamos em Pedagogia da Cooperação, estamos imaginando um Caminho de Ensinagem Compartilhada, onde cada um e cada uma são considerados mestres-aprendizes, com-vivendo a descoberta de si mesmos e do mundo, através do encontro com os outros, diante de situações-problema que os desafiam a encontrar soluções cooperativas para o sucesso de todos e para o bem-estar Como-Um.
A Pedagogia da Cooperação pode ser percebida como um conjunto de sinais, indicadores, pistas e toques, para orientar a caminhada daqueles que se aventuram pelas trilhas da Cooperação rumo ao centro essencial de sua própria Comum-Unidade.
É uma pedagogia viva, acontecendo em alguns Momentos e em muitos Movimentos, sendo organicamente articulada com os passos e com-passos dados ao longo do caminho… Por quem caminha. É uma jornada de realização exterior para promover a transformação interior… Da pessoa e do grupo.
Como um mapa de uma viagem que se renova constantemente, a Pedagogia da Cooperação, é desenvolvida a partir de quatro Momentos transdisciplinar e holograficamente articulados:
1° Momento: Visão (Princípios).
2° Momento: In-Forma-Ação (Procedimentos).
3° Momento: Ação (Processos).
4° Momento: Trans-Forma-Ação (Práticas).
Considerando este nosso diálogo como um primeiro passeio pelos campos da Pedagogia da Cooperação, seguiremos compartilhando alguns dos pontos balizadores de cada um desses Momentos do Caminho…
1° Momento: Visão (Princípios)
Ao imaginarmos uma Pedagogia da Cooperação, logo pensamos sobre uma Filosofia da Cooperação: princípios, valores, visão de mundo, perspectivas sobre a co-existência humana… Como bagagem essencial para uma boa jornada.
1. Princípio da CO-EXISTÊNCIA.
Atualmente, não é difícil perceber o quanto somos-estamos ligados uns aos outros. E não apenas ligados aos outros que são-estão próximos da gente, mas nos perceber conectados intimamente, com pessoas, situações, lugares e acontecimentos, aparentemente muito distantes e sem relação direta com nossa vida.
Compreendemos que estamos Todos Juntos num mesmo Grande Jogo e que seja lá o que alguém pensa, sente, faz ou não faz, afeta todos os outros e é afetado por todo mundo, sem exceção. Esta conscientização da Interdependência como uma característica factual de nossa existência, pode nos ajudar a perceber o quanto de Cooperação é necessário resgatar para dar conta das questões que estamos vivendo neste momento, quer sejam na sala de aula, no local que trabalhamos, no bairro onde moramos, no país em que vivemos no planeta que habitamos ou no universo onde existimos.
Cada pensamento, sentimento, sensação e ação ou não-ação de qualquer um, afeta – e é afetado por – todos os outros – Nós da Teia da Cooperação.
Nós inter-somos na co-existência cotidiana!
Porém, nem sempre temos tido consciência dessa Interdependência tão à flor da pele. Por isso, penso ser importante dedicar boa parte do que fazemos na escola, no trabalho, na comunidade e na família, para recuperar a Consciência dessa nossa inteireza e re-ligação. Em parte, essa não conscientização é conseqüência de uma visão fragmentada da realidade e da gente mesmo. Saber-se Interdependente é antes de tudo, renovar a visão que temos sobre as diferentes relações que estabelecemos com os outros. É exercitar nosso olhar, olhando por outras óticas e renovando a Ética de Comum-Unidade no cotidiano.
Creio que exercitando o olhar para além da superfície e das aparências, poderemos aperfeiçoar nossas Co-Opetências (competências compartilhadas) para ver o que há de comum na diferença, o que há de proximidade no distanciamento e, especialmente, o que há de solidário no solitário. Entretanto, nem sempre estamos abertos e sensíveis para perceber as relações de interdependência entre nós. “Não somente porque essas relações de interdependência não são objetos físicos visíveis aos olhos, mas fundamentalmente porque nem os nossos olhos e nem as nossas mentes foram preparados e educados para vê-las” (Assmann e Sung, 2000). Para isso, é necessário limpar a lente que temos usado para enxergar uns aos outros e assim, nos liberar da “Ilusão de Separatividade” (Weil, 1987) e recuperar a Visão de Comum-Unidade para nos percebermos como partes uns dos outros.
Além dessa fragmentação na educação de nossos olhares e mentes, podemos reconhecer outros obstáculos à Interdependência real, pois “quanto maior é a extensão do sistema social, os efeitos, benéficos ou perversos das ações e omissões levam mais tempo para retornar a sua origem e tocar os agentes” (Mariotti, 2000).
Nesse sentido, podemos desenvolver iniciativas para a reaproximação de pessoas e grupos que nos ajudem a perceber cada ocorrência, cada fato, como fenômenos pertencentes à realidade da qual somos e fazemos parte. Penso que podemos criar pontos de ressonância na sociedade, pequenos grupos comunitários servindo como elos para comunicar com maior agilidade e fidedignidade os efeitos das diferentes intenções e ações que se manifestam no sistema.
Tomar cuidado, zelar pelo campo de nossa co-existência, deve ser uma atenção permanente, porque havemos ainda de considerar mais um bloqueio à Consciência de Interdependência:
A distribuição desigual dos efeitos benéficos e maléficos no interior do sistema impede que exista uma mobilização interdependente de indivíduos e grupos. Em outras palavras, nem todos são afetados no mesmo instante e com a mesma intensidade (Mariotti, 2000).
Diante destes bloqueios – e de tantos outros – à Interdependência como um fato, é preciso continuar olhando mais atenta, ampla e profundamente a vida, para podermos enxergar os efeitos e defeitos das atitudes e comportamentos que praticamos nos vários ambientes que diariamente freqüentamos, especialmente, no ambiente das organizações de trabalho.
2. Princípio da COOPERAÇÃO.
O desenvolvimento da Cooperação como um exercício de co-responsabilidade para o aprimoramento das relações humanas em todas as suas dimensões e nos mais diversificados contextos, deixou de ser apenas uma tendência, passou a ser uma necessidade e em muitos casos, já é um fato consumado (Henderson, 1996). Porém, não é definitivo.
É preciso nutrir e sustentar permanentemente o processo de integração da Cooperação no cotidiano pessoal, comunitário e planetário, reconhecendo-a como um “estilo de vida”, uma conduta ética vital, que esteve consciente ou inconscientemente, presente ao longo da história de nossa civilização.
Contrariando o mito da competição como forma de garantir a sobrevivência e evolução humana, existe um conjunto amplo de evidências indicando que os povos pré-históricos, “que viviam juntos, colhendo frutas e caçando, caracterizavam-se pelo mínimo de destrutividade e o máximo de cooperação e partilha dos seus bens” (Orlick, 1989).
Ainda hoje, podemos encontrar culturas cooperativas em várias sociedades ancestrais existentes no planeta. Isto pode indicar uma boa reflexão sobre a natureza competitiva do ser humano, pois se essa idéia fosse totalmente verdadeira, seria lógico encontrar nas comunidades ancestrais (representantes da porção mais natural da nossa espécie), traços de uma cultura predominantemente, competitiva.
Diferentemente disso, tem-se descoberto indícios de uma Cooperação quase que genética, como um ingrediente imprescindível para surgimento e evolução da Vida. Erich Fromm (1973) analisou trinta culturas primitivas e as classificou com base na agressividade-competitiva e no pacifismo-cooperativo. Ora, se existem sociedades humanas pacíficas e cooperativas, e outras agressivas e competitivas, podemos inferir que se há uma natureza humana possível de ser afirmada, esta seria uma natureza de possibilidades.
A antropóloga Margaret Mead (1961), depois de ter analisado diferentes sociedades, concluiu que os vários graus de competição e cooperação existentes, são determinados pelas respectivas estruturas sociais. Considerando essa estrutura social como resultado das ações e relações dos membros de um grupo social, compreendo a Cooperação e a Competição como desdobramentos das nossas escolhas, decisões e atitudes praticadas na interação com outros indivíduos num pequeno grupo, comunidade, sociedade, país ou no ambiente das relações internacionais.
Somos socializados e socializamos os outros para a Cooperação e Competição através da educação, da cultura e da informação. Portanto, tornar a sociedade Solidário-Cooperativa ou Solitário-Competitiva é uma ação política, isto é, uma arte pessoal e coletiva capaz de realizar o melhor (im)possível para todos.
Terry Orlick, professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, e um dos precursores em Jogos Cooperativos no mundo, nos oferece uma visão ampliada sobre a dinâmica de Competição e Cooperação, considerando-a como um espectro de atitudes humanas que variam e se movimentam de acordo com a motivação presente em cada situação (1989).
Fortalecendo essas idéias, de acordo com Humberto Maturana (1990), os seres humanos não são apenas animais políticos, mas, sobretudo “animais cooperativos”. Para ele, a cooperação é central na maneira humana de viver, como uma característica de vida cotidiana fundamentada na confiança e no respeito mútuo.
Isto talvez, nos ajude a entender um pouco melhor as dificuldades apresentadas por indivíduos e grupos que se dispõe a cooperar. Porque confiança é algo a ser construído e permanentemente nutrido. Confiar é estabelecer um pacto de cumplicidade e de certa maneira, entregar o destino da própria vida, nas mãos uns dos outros.
Estivemos durante muito tempo, nos educando, treinando, nos preparando para não nos mostrarmos aberta e autenticamente ao outro. Aprendemos a dissimular, não nos expormos como somos mesmo, sob o risco de ao fazê-lo, revelar nossas “fraquezas” e então sermos atacados e derrotados pelos “temíveis adversários”… Os outros seres humanos.
Para promover a mudança necessária, podemos passar a criar espaços para uma nova maneira de olhar uns aos outros, e a si mesmo, para então, podermos alterar nossa maneira de com-viver. Através de uma Educação baseada no desenvolvimento de Competências Cooperativas, poderemos despertar e olhar mais claramente sobre essa pseudo-ameaça – a presença do outro – que imaginamos estar nos cercando. Podemos fazer crescer nossa habilidade de fazer Com-Tato e de Co-Operar consigo mesmo; com o outro; com o Inteiro-Ambiente; e com a Comum-Unidade.
Cooperação, confiança e respeito mútuo parecem ser um dos alicerces principais para a co-evolução humana. Para isso, precisamos reaprendê-los, desenvolvendo o interesse pelo bem comum e o compromisso com o florescimento de uma Comum-Unidade Humana Real (nem ideal, nem normal) exercitada e cultivada no cotidiano.
3. Princípio da COMUM-UNIDADE.
Considerando nossa Co-Existência como um Fato da vida e a Cooperação como umaPrática Diária, podemos imaginar a Comum-Unidade como o Ambiente onde podemos cultivar o Espírito de Grupo, ou como disse Malidoma Some (1998), desenvolver o “Instinto de Comunidade”.
Grande parte dos estudos, pesquisas e trabalhos realizados no mundo atualmente, está focalizando a redescoberta do espírito de Comunidade em todos os lugares: na escola, no trabalho, na rua, em casa… Consigo mesmo, pois estamos usando o instinto de comunidade para nos isolar e proteger uns dos outros, em vez de criarmos uma cultura global de comunidades diversas e entrelaçadas (Wheatley e Kellner-Rogers in Hesselbein, 1998).
Todos sentimos como é forte o impulso para nos agregarmos a outros, para nos aproximar para constituir grupos, times, famílias e turmas. Ao mesmo tempo, sabemos quão desafiador é criar boas condições para a sustentabilidade dessas pequenas e complexas Comum-Unidades que criamos ao nosso redor. Para Wheatley e Kellner-Rogers (1998), esse paradoxo ocorre porque toda vida se configura como seres individuais que imediatamente se lançam a criar sistemas de relacionamentos. Esses indivíduos e sistemas surgem de duas forças aparentemente conflitantes:
1) A necessidade absoluta de liberdade individual.
2) A inequívoca necessidade de relacionamentos.
Em outras palavras, o problema poderia ser colocado assim: Como Ser e FAZER JUNTOS alguma coisa que sozinho ninguém seria capaz de fazer tão bem… Nem seria capaz de desfrutar tão plenamente, como se fizesse em Cooperação COM outro, num ambiente de Comum-Unidade?
Estudos clássicos sobre a psicologia dos grupos, tais como os de Morton Deutsch na década de 60, têm abordado as diferentes experiências vividas em situações de Competição e Cooperação, demonstrando experimentalmente, os efeitos de uma e de outra nos processos grupais e na dinâmica pessoal (Deustch apud Rodrigues, 1972).
Todos nós, de muitas maneiras, sabemos bem como é complexa essa dinâmica Cooperação-e-Competição na vida em Comum-Unidade. Praticamente o tempo todo estamos diante de situações nas quais somos convidados a descobrir um “terceiro” jeito de resolver o problema, alcançar a meta, harmonizar o conflito… Enfim, de sacar uma jogada onde todos ganhem e ninguém precise perder.
No meio daquele caos todo, bate a vontade de tocar a coisa sozinho – “deixa comigo, então, que eu resolvo do meu jeito!” ou “Ah é?! Então faz você. Quero ver se faz melhor!” ou ainda “Já que não tem acordo, vamos ver quem é que consegue mesmo fazer o que tá falando que faz!” ou pra terminar “Eu sabia. Num ia dar certo mesmo. É melhor cada um ficar na sua!”.
O anseio por Viver em Comum-Unidade é há muito tempo sonhado… Contudo, é uma caminho ainda incerto e repleto de surpresas!
Nesse sentido, vale a pena lembrar que em comunidades humanas, as condições de liberdade e de união são mantidas vibrantes concentrando-se no que acontece no coração da comunidade e não se fixando nas formas e estruturas da mesma (Wheatley e Kellner-Rogers in Hesselbein, 1998).
Por isso mesmo, cuidemos do que está no CENTRO de toda e qualquer Comum-Unidade. Mantenhamos o fogo aceso no meio da roda! Restauremos a todo instante, não aquilo que for importante, mas o que é Essencial!
Para Margaret Wheatley e Myron Kellner-Rogers, que conduzem o trabalho do Berkana Institute (EUA), uma fundação de pesquisa sem fins lucrativos que estuda novas formas e idéias organizacionais, sem estarmos de acordo sobre o motivo para estarmos reunidos, nunca podemos desenvolver instituições que façam qualquer sentido: nosso instinto de comunidade nos leva a uma comunidade ‘minha’, e não a uma comunidade ‘nossa’(1998).
Tudo isto, InterDepende da Comum-Unidade que desejamos ver aconteSer entre-nós.
Diferentes Comunidades podem existir e são sempre reflexos do Jeito de Ver-e-Viver(Brotto, 2001) do conjunto de seus integrantes. Compartilhar cotidianamente sobre nossas intenções, atitudes e comportamentos no ambiente da Comunidade que sonhamos-realizamos, pode ser um hábito simples e maravilhoso, suficientemente poderoso, não para mudar o mundo, mas para torná-lo mais transparente, acessível, compreensível, sensível… E possível para todos, sem exceção!!!
Criar, desenvolver e sustentar Comunidades é um cultivo em muitas dimensões e para todo o tempo: pode ser leve, apesar de freqüente; bem-humorado mesmo que profundo; livre e altamente comprometido; um passo-a-passo gradual e pronto para grandes saltos; aberto para abraçar o novo e muito focado no essencial; pode ser… Ou não… Mas, será ou não, COM todos em Cooperação!
2° Momento: In-Forma-Ação (Procedimentos)
No primeiro Momento de nossa conversa, fomos convidados e convidadas a reconhecer osPrincípios da Co-existência, da Cooperação e da Comum-Unidade como reflexos da Visão que está por trás de cada uma de todas as Ações empreendidas para facilitar o desenvolvimento da Cultura da Cooperação.
Aqui-e-agora, vamos procurar nos envolver com alguns dos Procedimentos facilitadores do desenvolvimento da Cooperação em diferentes grupos e ambientes, tais como:
· O Círculo e o Centro:
O Círculo é uma forma e um símbolo. Desde os tempos imemoriais, a humanidade se reúne em Círculos para compartilhar suas jornadas, conquistas e realizações, problemas e soluções, lutos e celebrações… Quando formamos um Círculo recuperamos o sentido de Comum-Unidade, pois na roda todos são vistos como iguais; todos se vêem e são vistos por todos; não há quem está acima, nem abaixo; todos estão no Círculo, nem dentro, nem fora.
Assim, em Círculo, somos estimulados e estimuladas a manter atitudes e relações circulares, aquelas que são capazes de aparar as arestas, de arredondar os cantos, de harmonizar as diferenças e de encurtar as distâncias… Aproximando-nos do Centro Como-Um. Ao compor um Círculo, reconhecemos a existência de um Centro, de algo que está entre-nós, que é comum a todos e todas, sem exceção. Nele está aquilo que é essencial para o grupo… é o fogo que precisa ser mantido vivo no centro da roda. E por ser assim, é cuidado por cada um e cada uma… Todo o tempo.
Crie o Centro com algo bem familiar ao Grupo que está reunido. Uma boa dica é utilizar um vaso com flores naturais, sobre um tapetinho simples. As flores simbolizam sementes singulares que desabrocham na diversidade… Encantando o ambiente com a simplicidade e beleza.
O que está no seu Centro? E no nosso Centro?
· A Ensinagem Cooperativa:
Ensinagem?
É o processo de ensino-aprendizagem na linguagem de uma amiga-mestra – Neyde Marques[2] – que com a deliciosa sabedoria do povo de lá, economiza tempo no discurso para aproveitá-lo melhor no percurso compartilhado que a vida oferece.
Ensinagem Cooperativa? Claro, existem muitas boas maneiras para aprender alguma coisa. Nossa preferência é por aprender FAZENDO… Juntos!
Daí, toda a Pedagogia da Cooperação estar baseada em três movimentos:
Convivência: Ter a vivência compartilhada como o contexto fundamental para a aprendizagem. É preciso experimentar para poder re-conhecer a si mesmo e aos outros.
Consciência: Criando um clima de cumplicidade entre os participantes, incentivando-os a refletir sobre a convivência na Atividade e sobre as possibilidades de modificar comportamentos, relacionamentos e até da própria Atividade, na perspectiva de melhorar a participação, o prazer e a aprendizagem de todos.
Transcendência: Ajudando a sustentar a disposição para dialogar, decidir em consenso, experimentar as mudanças propostas e integrar na Atividade e na vida, as transformações desejadas.
Vamos aprender Fazendo… Juntos?!!
· Do mais simples para o mais complexo:
De certo modo, toda evolução ocorre de dentro para fora, do pequeno para o maior, do mais próximo para o mais distante, do indivíduo para a sociedade… Do mais simples para o mais complexo. Assim, aprendemos a correr, aprendendo a andar; aprendemos a escrever, aprendendo a falar… Aprendemos a Cooperar, praticando a Cooperação em diferentes níveis: pessoal, grupal, institucional e Comum-Unitário.
Para alcançarmos níveis mais complexos de Cooperação é preciso cultivá-la nos níveis mais simples, por exemplo: Ao buscar a Cooperação entre as Instituições Sesi-Senai (nível Comum-Unitário), é preciso promover a Cooperação dentro do Sesi e do Senai (nível Institucional), que por sua vez, leva à Cooperação dentro de cada diretoria, gerência, departamento, equipe… (nível Grupal), e daí, chegando à Cooperação de pessoa-pra-pessoa (nível Pessoal).
Dentro dessa perspectiva holística-transdisciplinar, teremos melhores chances de promover a Cooperação, quanto melhor estivermos desenvolvendo-a simultânea e adequadamente, em seus diferentes níveis.
Você já Cooperou, hoje?!!!
Com quem?
· Focalizando a Cooperação:
Focalizar um processo de Cooperação é ser como a luz acendida no quarto escuro. É apenas ajudar a iluminar a situação para que cada um descubra seu próprio caminho, dê seus próprios passos e siga na direção de sua própria transformação… E que além disso, se mantenha aberto em colaborar com aqueles outros que estão, assim como ele mesmo, no infinito caminho de seu eterno reencontro.
Enquanto Pedagogos e Pedagogas da Cooperação, nossa tarefa é criar e manter um ambiente de Cooperação, suficientemente, favorável para o desabrochar da Consciência de Cooperação em cada pessoa, em cada grupo, em cada instituição e em toda a Comum-Unidade.
· Começar e terminar com todos juntos:
Eu gosto muito desta pista!!!
Sabe, ela dá aquela sensação da gente fazer parte de um time. Um time se mantém firme diante dos maiores desafios (até quando o desafio maior é o próprio time) e celebra juntos cada pequena conquista. Tem, também, aquela fidelidade a toda prova… A dos pactos de sangue (que às vezes é o da cuspidela na palma da mão… dói menos e é tão firme como os outros, né?), de mano-pra-mano… Coisas de uma cumplicidade deliciosa!
Nem sempre conseguimos realizar um processo de Cooperação mais robusto, que apareça muito… Mas, começar e terminar com todos juntos, é tão simples de fazer que cabe em qualquer lugar, situação e grupo. E por ser assim tão simples é que é maravilhosamente potente.
Pode ser através de uma história contada, de uma dança dançada, de um jogo jogado… E até por um silêncio compartilhado. O que vale é sermos e estarmos todos juntos… Pelo menos no começo e no final da caminhada. Muita coisa pode acontecer durante uma jornada coletiva, não importa nos sabemos ser um Time Como-Um.
Aconteça o que acontecer, começamos e terminamos juntos!!!
Espero que com estas dicas, pistas e toques, tenhamos todos e todas uma boa clareza sobre alguns dos Procedimentos vinculados à Pedagogia da Cooperação. Com eles na mente e no coração, poderemos seguir caminhando em frente, descortinando outras paisagens, atravessando campos novos e circulando por alguns dos Processosfacilitadores da Cooperação.
3° Momento: Ação (Processos)
Há muito tempo, a humanidade vem desenvolvendo estratégias colaborativas para favorecer sua própria evolução e a do meio em que vive. É como se tivéssemos um “instinto de cooperação” (Winston, 2006) que vem se aperfeiçoando desde os humanos primitivos que viviam nas savanas africanas, até os humanos civilizados vivendo na aldeia planetária da atualidade.
Muitos desses Processos estão sendo sistematizados como uma nova linguagem pedagógica, combinando a sabedoria de toda nossa ancestralidade, com os recursos de nossa modernidade… Imaginando desvendar um caminho que nos guie em direção à contínua e infinita eterna-idade.
Vejamos alguns deles:
· Jogos Cooperativos:
Um dos aspectos essenciais, presente nos Jogos Cooperativos, é a possibilidade de ampliarmos nossa consciência sobre a Cooperação. Nesse tipo de Jogo, onde “se o importante é competir o fundamental é cooperar” (Brotto, 1997), podemos nos dar conta dos padrões competitivos que muitas vezes adotamos, como se fossem a única alternativa, para a relação com o outro e com o mundo. Dessa forma, expandimos nossas percepções sobre a importância de praticarmos um “saber fazer coletivo” que inclua o exercício de convivência e o aprimoramento das relações grupais como condições fundamentais para a vida coletiva.
Nesse sentido a experiência da Cooperação, vivida por meio do Jogo Cooperativo, nos ajuda a reconhecer a importância de aprender a fazer com o outro, bem como, valorizar os processos de construção coletiva presentes nos diferentes contextos de nossas relações cotidianas: na educação, no ambiente familiar, na comunidade e no mundo das organizações de trabalho.
· Danças Circulares:
No atual momento de evolução da Humanidade, a Dança Circular auxilia na expressão amorosa de cada indivíduo, despertando o espírito de Cooperação. Trabalha com Danças Folclóricas, Étnicas e Coreografadas; com músicas de diversos ritmos, músicas clássicas e cantos universais. Tem como um de seus propósitos demonstrar que cada pessoa pode entrar em contato com o mais profundo ponto do seu ser, o ponto do coração e, a partir daí, se tornar criativo, alegre e participante ativo na sua comunidade. Ressalta ainda a importância da diversidade entre os povos despertando o sentido de Unidade Planetária.
· Aprendizagem Cooperativa:
Através da Cooperação no dia a dia da sala de aula, podemos transformar a nossa prática pedagógica e criar um ambiente de mútua ajuda, respeito pelas diferenças e responsabilidade compartilhada.
Estudiosos insatisfeitos com a pedagogia tradicional pesquisaram uma prática alternativa que vem se desenvolvendo, especialmente, nos Estados Unidos: a Aprendizagem Cooperativa (Cooperative Learning). Um dos primeiros pesquisadores foi o Dr. Spencer Kagan, que desenvolveu uma abordagem estrutural, na qual há a criação, análise e aplicação sistemática de estruturas que podem ser usadas para quase todas as matérias, nas diferentes séries e em vários momentos de uma aula. Uma abordagem que permite a aprendizagem de conteúdos curriculares, aliada a aprendizagem de valores e atitudes cooperativas.
· Jogos Cooperativos de Tabuleiro:
Criados por Jim Deacove, da Family Pastimesã (Canadá), os Jogos Cooperativos de Tabuleirovêm espalhando-se pelo mundo todo, já sendo possível encontrá-los em diversos idiomas. Esses jogos abrangem uma faixa etária que vai desde cinco anos até a idade adulta, podendo ser jogado individualmente ou em grupos, com os mais diversificados temas e desafios. Os jogadores ajudam-se a despoluir uma cidade, ou para evitar uma Guerra Mundial e até para constituir a Carta da Terra!!!
Como facilitadores no processo ensino-aprendizagem, o Jogo da Terraâ e o jogo Lugar Bonitoâ, entre outros, são ferramentas espetaculares para auxiliar na promoção do espírito de equipe, solução pacífica de conflitos, valorização dos vínculos afetivos e relacionamentos sociais dentro e além da sala de aula.
· Brinquedos Cooperativos:
Você se lembra das Brincadeiras e Brinquedos do tempo de criança?
Muitas delas são puramente cooperativas!
- Brincar na Gangorra do parquinho, subindo e descendo com o amiguinho!
- Fazer Currupio segurando firme nas mãos uns dos outros!
- Brincar com o Vai-e-Vem confiando em ter do outro lado, alguém!
- Jogar Frescobol na praia e desfrutando juntos da brisa do mar!
Você consegue lembrar de outras brincadeiras cooperativas? Quais?
E daquelas que mesmo sendo, aparentemente, não tão cooperativas, tinham um sabor especial quando conseguíamos compartilhar com os outros?
- Andar de bicicleta pelo bairro com a turma.
- Fantasiar com bonecas e fantoches um faz de conta… Re-encantado com as bonecas e a presença das amiguinhas.
- Brincar na rua de terra num dia de chuva de verão… Aprontando aquela com-fusão.
- E o beijo, abraço ou aperto de mão? Que delícia o friozinho na barriga diante da expectativa de cair com aquela “paquerinha” tão sonhada, hein?
Resgatando um pouco dessa nossa memória lúdica, podemos reconhecer, também, as infinitas possibilidades de re-creação de jogos e brincadeiras tradicionais, em atividades cooperativas. Como seria…
- Pular corda com todo mundo junto?
- Brincar de amarelinha de um jeito que chegar primeiro é o primeiro passo pra ajudar os outros a chegarem, também?
- Um pega-pega onde o salve-se quem puder, vire um salve-se com um abraço?
- E um Corre Cotia onde quem é pego, ao invés de ficar no meio e “pagar uma prenda”, passa a liderar a brincadeira?
Se pudéssemos enxergar por trás de cada um de todos os Processos acima apresentados, contemplaríamos uma Arquitetura Cooperativa, que se caracteriza, essencialmente por quatro aspectos Como-Uns:
· Todos têm um sentimento de vitória.
· Todos PODEM participar.
· Todos são bem aceitos pelo que são.
· Todos Cooperam para realizar objetivos comuns.
Quando imaginamos criar e realizar (im)possibilidades para a Cooperação circular no grupo, sabemos ser importante respeitar essas Características Como-Uns da Arquitetura da Cooperação.
Bem, estes são alguns dos Processos que podemos utilizar para facilitar a experiência da Cooperação em diferentes ambientes, grupos e situações. Além destes, existem outros, tais como a Arte de Liderar em Círculo, a Comunicação Colaborativa e as Atividades dos Povos Tradicionais (como a da “Corrida das Toras”, dos índios Kanela, no Brasil).
Agora, sigamos em frente… Porque se atrás vem gente, o que nos espera lá na frente?!
4° Momento: Trans-Forma-Ação (Práticas)
Deixar-se aconteSer cooperativamente no dia-a-dia é o desafio essencial deste Jogo de Cooperação. É no cotidiano, diante do mundo e da gente mesmo, que temos a real oportunidade para VenSer quem somos mais plenamente.
É através do Ser-Vir-à que alcançamos o Vir-à-Ser !
Toda a caminhada pelas trilhas da Pedagogia da Cooperação é um permanente exercício de refinamento do modo como podemos servir à Comum-Unidade que constituímos em todos os lugares. Focalizando o desenvolvimento de diferentes grupos, podemos destacar alguns Movimentos fundamentais para promover a Aplica-Ação da Cooperação:
· Fazer Com-Tato e Estabelecer Com-Trato:
Quais são nossos acordos fundamentais? O que gostaríamos e o que não gostaríamos que acontecesse entre nós?
· Des-Cobrir a Identidade Grupal:
Quem sou eu, quem é você, e quem somos nós?!!! Quais são nossos signos, símbolos, cores e sabores, nosso nome… Qual é nosso grito de garra?!!!
· Compartilhar In-Quieta-Ações:
Quais as dúvidas, as incertezas? O que eu não sei? Qual a minha ignorância: “só sei que nada sei” (Sócrates)? E o que não sabemos juntos?
· Vislumbrar o Sonho Coletivo:
O que nos re-uniu?
· Compor Objetivos Como-Uns:
O que queremos fazer Juntos?
· Cultivar as Co-Opetências para Ser-Vir:
Quais são nossas forças-fraquezas, capacidades-incapacidades, habilidades-inabilidades… qual nossa luz-e-sombra? Liderança Circular, Com-Fiança, Bom Humor e Diligência.
· Praticar a Cooperação:
Consigo mesmo, com o grupo, com a instituição e com a Comum-Unidade.
· Exercitar a Com-Vivência:
Diálogo, respeito mútuo, empatia, auto-estima e alter-estima. Cuidar bem uns dos outros.
· Viver a Comum-Unidade:
O que fomos capazes de fazer juntos que imaginávamos ser impossível de fazer sozinhos?
· Re-Crear a Real-Idade:
Transformar Cooperativamente Jogos, Canções, Danças, Eventos, Programas, Rotinas de Trabalho, Hábitos de Vida… Re-Crea-Atividade Contínua.
· Celebrar os É-Feitos:
Aconteça o que acontecer… Acontecerá para todo mundo!
Comemorar os resultados e honrar a Memória do Grupo.
· Sonhar um Plano de Pouso:
Qual o próximo passo… Para dentro de si mesmo… No Aqui-e-Agora? Prazeres de Casa!!!
Sente-se livre para seguir em frente?
Porque “se eu não te acompanho, eu te componho!”
Estes são alguns Movimentos bem simples – e altamente complexos – capazes de estimular e cultivar a Cooperação dentro e entre os diferentes Grupos constituímos nas mais variadas Comum-Unidades que criamos na sociedade em que vivemos. Contudo, não há garantias que isso aconteça… pelo menos do jeito que a gente pensa poder acontecer, pois…
… quando empoderamos as pessoas e os grupos para desenvolverem-se como uma verdadeira Comum-Unidade Cooperativa, as ações, relações, efeitos e os destinos, escapam do nosso controle – ainda bem – e se alojam no Centro de Poder Como-Um que assume a direção e realização de seu próprio caminho.
Isto é autonomia, emancipação e protagonismo… soberania, cooperação e realismo… colocados em Prática, postos em Cooperação!!!
E não é para isto que estamos aqui, percorrendo juntos este caminho para construir um mundo onde todos podem VenSer?!
Terminando Juntos…
“As pessoas não se precisam, elas se completam.
Não por serem metades, mas por serem inteiras,
dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias, tristezas
e principalmente por continuar escrevendo em conjunto, suas vidas”. [3]
Assim, após, caminharmos juntos pelos vários Momentos e Movimentos da Pedagogia da Cooperação, é tempo de re-unir e re-pousar…
Tempo… Para recolher a experiência, deixando que ela circule por todo o corpo e se aloje na consciência… Tempo necessário… A cada um e cada uma, para uma conversa silenciosa, ao pé do ouvido, ao redor da fogueira… Tempo extra… Para celebrar nossa convivência ao longo das palavrAções compartilhadas aqui… com-firmando nossa Presença Como-Um neste vasto caminho infinito de descoberta pessoal e transformação coletiva.
E Tempo especial… Para reunir a tribo, embalar o sono, manter o sonho vivo e nos reencantar para a próxima jornada!
Ainda há o Tempo essencial… Façamos dele um colo amoroso para acolher esta nossaComum-Unidade Cooperativa… e-terna-mente, por que…
“Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo, levará você de mim.
Eu sei e você sabe, que a distância não existe
Que todo grande amor, só é bem grande se for triste.
Por isso meu amor, não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você.
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim, e eu não existo sem você.” [4]

Para quem quer mergulhar na Fonte…
“Pé em Deus e Fé na Taba” [5]
Para mergulhar um pouquinho mais no universo da Pedagogia da Cooperação, compartilhamos algumas de nossas leituras prediletas. Bom proveito!!!
ASSMANN, Hugo e SUNG, Jung Mo. Competência e sensibilidade solidária: Educar para a esperança. 2a.
ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 2000.
BOLEN, Jean Shinoda. – O Milionésimo Círculo: como transformar a nós mesmos e ao mundo. Um guia
para Círculos de Mulheres. São Paulo: Taygeta / Triom, 2003.
BRAHMA KUMARIS WORLD SPIRITUAL UNIVERSITY. – Visions of a better world. London:United
Nations Peace Messenger, 1993.
BROTTO, Fábio Otuzi. – Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. Santos:
Projeto Cooperação, 1997.
BROTTO, Fábio Otuzi. – Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte como um Exercício de Convivência.
Santos : Projeto Cooperação, 2001.
BROTTO, Fábio Otuzi (org.) – Jogos Cooperativos nas Organizações. São Paulo: SESC e Projeto
Cooperação, 2001.
BROWN, Guillermo. - Jogos cooperativos: teoria e prática. São Leopoldo: Sinodal, 1994.
CARSE, James P. Jogos Finito e Infinitos: a vida como jogo e possibilidades. Rio de Janeiro : Nova Era,
2003.
COMBS, Alan (Ed.). – Cooperation: beyond the age of Competition. Philadelphia: Gordon and Breach
Science, 1992. (The World futures general evolution studies; v.4).
DEACOVE, Jim. – Manual de Jogos Cooperativos. Santos: Projeto Cooperação, 2002.
FROMM, Erich. A anatomia da destrutividade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
HENDERSON, Hazel. – Construindo um mundo onde todos ganhem: a vida depois da guerra da economia
global. São Paulo: Cultrix, 1996.
HESSELBEIN, Frances … et al. – A comunidade do futuro: idéias para uma nova comunidade. São Paulo :
Futura, 1998.
KOHN, Alfie. – The brighter side of human nature: altruism and empathy in everyday life. USA: Basic
Books, 1990.
MALIDOMA SOME, escritor e professor da África Ocidental apud WHEATLEY, M. e KELLNER-
ROGERS, M. – O Paradoxo e a promessa de comunidade IN Hesselbein, F. et al. – A Comunidade do
Futuro: idéias para uma nova comunidade. São Paulo : Futura, 1998. (p. 21)
MARIOTTI, Humberto – As paixões do Ego: complexidade, política e solidariedade. São Paulo: Palas
Athena, 2000.
MATURANA, Humberto R. Emociones y lenguaje en educacion y politica. Santiago: Hachete, 1990.
MATURANA, Humberto R. e VERDEN-ZÖLLER, Gerda - Amar e brincar: fundamentos esquecidos do
humano. São Paulo : Palas Athena, 2004.
MEAD, Margaret. Cooperation and competition among primitive people. Boston : Beacon, 1961.
MORTON Deutsch, apud RODRIGUES, Aroldo. Psicologia social. Petrópolis : Vozes, 1972. (p.149).
ORLICK, Terry. – Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.
PLATTS, David E. – Autodescoberta divertida: uma abordagem da Fundação Findhorn para desenvolver a
confiança nos grupos. São Paulo: Triom, 1997.
RAMOS, Renata Carvalho Lima (Org.). Danças Circulares Sagradas: Uma proposta de educação e cura.
São Paulo: Triom, 1998.
RIDLEY , Matt – As origens da Virtude: um estudo biológico da solidariedade. Record, 2000.
VELÁZQUEZ, Carlos – Educação para a Paz: Desenvolvendo valores na escola através da Educação Física
para a Paz e dos Jogos Cooperativos. Santos : Projeto Cooperação, 2004.
WEIL, Pierre. – A neurose do paraíso perdido. São Paulo: Espaço e Tempo: Cepa,
1987.
WHEATLEY, M. e KELLNER-ROGERS, M. – O Paradoxo e a promessa de comunidade IN Hesselbein, F. et
al. – A Comunidade do Futuro: idéias para uma nova comunidade. São Paulo : Futura, 1998.
WINSTON, Robert – Instinto Humano: como nossos impulsos primitivos moldaram o que somos hoje. São
Paulo : Globo, 2006.
SITES
www.projetocooperacao.com.br – Projeto Cooperação – Comunidade de Serviço.
www.triom.com.br – Triom – Centro de Estudos (Danças Circulares).
www.cooperando.com.br – Cooperando – Instituto para a Cooperação.
www.jogoscooperativos.com.br – Revista de Jogos Cooperativos.
www.palasathena.org.br – Associação Palas Athena.
www.findhorn.org – Findhorn Foundation (Escócia).
www.ecosocial.com.br – Instituto Ecosocial.
www.harmonianaterra.org.br – Instituto Harmonia na Terra.
www.institutoelosbr.org.br – Instituto Elos.
www.familypastimes.com – Family Pastimes (Canadá).
cooperabrasil@projetocooperacao.com.br – Coopera Brasil (J. Cooperativos de Tabuleiro).

[1] Declaração de Mount Abu. “Projeto Cooperação Global para um Mundo Melhor” – Universidade Brahma Kumaris-1988/1990.
[2] NEYDE MARQUES; doutora em arte educação, é uma daquelas pessoas que você deseja estar sempre por perto e que mesmo distante sente-se constantemente abraçado por ela. www.suryalaya.com.br
[3] Sem conhecimento da autoria. Colaboração enviada pela Profa. Denise Jayme de Arimathea Villela, Coordenadora de Educação Física da Escola das Nações, em Brasília-DF.
[4] Vinícius de Moraes, poeta e compositor brasileiro.
[5] Da canção: “Os Tribalistas”, com Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sociedade da Espada: Opressão Sexual e Econômica das Mulheres e Proibição do Conhecimento (O Cálice e a Espada)

Sociedade da Espada: Opressão Sexual e Econômica das Mulheres e Proibição do Conhecimento (O Cálice e a Espada)

PorWoszezenki- Postado em 15 abril 2011
Sexo e Economia
No decorrer da mudança de uma sociedade baseada no cálice para uma sociedade baseada na espada, as mulheres tornaram-se propriedades de seus maridos ou pais. Segundo a Bíblia, "Se um homem encontra uma donzela virgem, a qual não esteja noiva, e a arrebata e dorme com ela, e são descobertos, então o homem que deitou com ela deverá oferecer ao pai da donzela cinqüenta sidos de prata, e ela deverá tomar-se sua esposa.”
Ou seja, uma moça solteira e desvirginada não tem mais valor econômico para o seu pai e ele deve ser ressarcido e a moça deveria ser adquirida pelo homem causador da perda de seu valor. Ainda, conta a Bíblia que, se a virgindade da mulher não fosse constatada, ela poderia ser devolvida aos seus pais e apedrejada. Mulheres podiam ser entregues a homens quaisquer pelos próprios pais e maridos para serem estupradas e torturadas sem qualquer punição ou desaprovação moral. Isto tudo porque uma mulher que se comportava como pessoa sexual e economicamente livre era uma ameaça a sociedade rigidamente masculina.
As leis reguladoras da virgindade feminina tinham fins econômicos. Mas na Bíblia, isso não era claro. Ao contrário, essas leis se mostravam como morais, justas e como a palavra de Deus. E uma vez que consideramos a Bíblia como a sabedoria divina, não conseguimos avaliá-la objetivamente.
A imposição de uma ética dominadora foi tão eficaz que até hoje homens e mulheres que se consideram bons e éticos são capazes de ler passagens como esta sem questionar como um Deus justo e virtuoso pôde ordenar atos tão cruéis e desumanos. Se fizermos tal indagação nossa forma de pensar não se adéqua mais a uma sociedade dominadora.

Conhecimento
A Bíblia conta que Adão e Eva foram eternamente punidos por desafiar as ordens de Jeová para que se mantivessem longe da árvore da sabedoria. Modernos totalitários ou pseudototalitárias ainda pregam a seus seguidores: Não pensem, aceitem o que é, aceitem o que a autoridade considera verdadeiro. Acima de tudo, não usem sua inteligência, não questionem-se ou busquem conhecimento independente, pois, se o fizerem, a punição será terrível.
Buscar conhecimento era o mais abominável dos crimes; matar e escravizar eram, na Bíblia, frequentemente perdoados. A morte premeditada de um irmão por outro não é tão grave quanto à desobediência à autoridade por comer da árvore da sabedoria.

O CÁLICE E A ESPADA - Uma síntese crítica sobre a abordagem do Paleolítico

O CÁLICE E A ESPADA - Uma síntese crítica sobre a abordagem do Paleolítico

Porjuliano- Postado em 14 abril 2011
 Juliano Tonizetti Brignoli

Façamos primeiramente uma análise acerca do prefácio do livro de Eisler e sua proposta que parece contribuir para uma reflexão sobre a conduta social contemporânea ligada a história e evolução no desenvolvimento das civilizações. A autora evidencia no início de sua obra alguns fatos e elementos que justificam comportamentos da atual conjuntura social. Podemos nos reportar na história e observar as atrocidades dos seres humanos para com sua própria espécie em várias gerações e fica notório que nossos comportamentos parecem tender sempre para um modelo que, em seu discurso, Eisler chama de dominante ou baseado na supremacia de uma parte sobre a outra, neste caso, referindo-se as duas metades  - macho e fêmea. Ao retratar o termo dominante, Eisler refere-se ao passado de guerras, a conduta da destruição ao invés da construção e fica indignada em sua análise em elucidar que o ser humano é a única espécie que poderia usar toda a sua capacidade física e cognitiva em prol desta construção benéfica a sociedade, exemplificando que plantamos e semeamos campos, compomos músicas, ensinamos as crianças a ler e escrever etc. Contudo, nossa espécie ameaça todas as formas de vida do planeta e inclusive compromete seu próprio futuro. Aqui devemos refletir sobre nossa própria racionalidade: usamos tecnologias, aprimoramos nossas técnicas e ferramentas para qualificar nossos processos e melhorar nossas vidas, mas, que grau de racionalidade estamos usando se para este desenvolvimento estamos destruindo nosso próprio lar? Estas condutas são explicadas por Eisler quando faz referência a culpa atribuída aos modelos socialistas, comunistas e capitalistas. A autora mostra que não é o fato de nossa sociedade estar mais avançada que existem tantos problemas sociais, citando a violência, neste caso. O modelo capitalista, o paradigma industrial e a produção desencadeiam guerras entre nações pela competição de recursos, embora, nas sociedades mais simples em outras épocas passadas existia muito mais violência do ser humano para com seu semelhante, basta reportar-se aos povos que adotaram modelos dominantes, como foi o caso dos Romanos.
Com este contraponto de épocas Eisler pretende introduzir ao leitor a idéia de refletirmos sobre um novo modelo de conduta social, substituindo o dominante pela parceria e para tal, recorre a uma análise da evolução histórica de nosso passado. É importante observarmos as relações existentes entre as evidências que mostram a evolução das sociedades humanas com os Acoplamentos Estruturais que ocorreram nestas evoluções, pois, a história conta e mostra os registros com base em estudos antropológicos e, os acoplamentos são explicados por Maturana & Varela em sua obra “A Árvore do Conhecimento” por meio das Ciências Biológicas.
A primeira análise de Eisler faz referência ao período Paleolítico de nosso passado. Esta época parece ser marcada pela revelação de inúmeros registros psíquicos acerca da relevância dada ao elemento feminino. As estatuetas femininas são as mais importantes evidências. Estes registros mostram certos relacionamentos que nossos antepassados tinham com o temor dos mistérios da vida e da morte. Rituais pareciam desejar o renascimento e para tal, o símbolo feminino era o mais ressaltado em virtude da mulher ser a responsável pela manutenção da vida. Um ponto notável nas discussões sobre estas relações entre o feminino, a vida e a morte é o registro da utilização da pigmentação ocre vermelho aplicada em cadáveres descobertos em túmulos na Europa, em regiões que elucidaram evidências sobre o período Paleolítico, uma prática que parece denotar a importância do sangue proporcionador da vida. Nossos antepassados no Paleolítico também praticavam rituais pela adoração de animais e vegetais, os quais já entendiam serem elementos fundamentais para sua sobrevivência.
Quando Eisler menciona nossa “Herança psíquica perdida” ela faz referência às fortes ligações que nossos ancestrais entendiam haver entre todos os elementos da natureza com os mistérios da vida e da morte. Isso parece trazer uma exemplificação sobre os Acoplamentos Estruturais que já ocorriam quando da convivência de nossos antepassados com os demais elementos da natureza decorrentes daquela época, ou seja, o ambiente, a natureza influenciava suas condutas, mudanças estruturais ocorriam.
Eisler discorre sobre a origem de nossa civilização e menciona que “ainda prevalecem os preconceitos de antigos estudiosos que consideravam a arte paleolítica em termos do estereótipo convencional do "homem primitivo": sanguinários, caçadores belicosos e com base nesta interpretação dos materiais extremamente fragmentados restantes dos tempos do paleolítico, foram elaboradas as teorias, centradas no masculino”. Quando mulheres estudiosas passaram a realizar escavações, novas interpretações com base nos achados do Paleolítico foram efetuadas e trouxeram outras visões acerca da figura do feminino, caracterizando em especial, que havia, naquele período, uma conduta social de parceria e não somente de dominância, observadas a partir das interpretações em torno do conceito sobre o masculino.
Como evidenciado no início da obra de Eisler, a compreensão sobre a evolução histórica das civilizações deve contribuir para uma análise sobre a adoção de modelos de parceria ao invés dos modelos de supremacia que, evidentemente estão conduzindo nossa sociedade para um fim caótico.


Arte Neolítica (O Cálice e a Espada)

Arte Neolítica (O Cálice e a Espada)

PorWoszezenki- Postado em 08 abril 2011

No capítulo 2, a autora propõe os seguintes questionamentos: Que tipo de pessoas eram nossos ancestrais pré-históricos que adoravam a Deusa? Como era a vida durante os milênios de nossa evolução cultural anteriores à história registrada ou escrita? E o que podemos aprender daqueles tempos que seja relevante ao nosso?
A maior parte do que aprendemos sobre a nossa evolução cultural tem sido mera interpretação em geral representando a visão de mundo dominadora. Recentemente, cientistas reavaliaram a pré-história, analisando, sobretudo, a mais rica fonte de informação daquela época: a arte, uma forma de comunicação simbólica.
A autora ressalta que o mais notável na arte neolítica é o que ela não retrata. Pois o que um povo não representa em sua arte pode nos falar tanto a seu respeito quanto aquilo que ele representa. Na arte neolítica não existem imagens idealizando o poder armado e a violência. Não existem imagens de “guerreiros nobres”, cenas de batalhas, “conquistadores históricos” arrastando cativos em correntes. Não existiam grandes depósitos de armas ou sinais de tecnologias para armas. Na arte neolítica, não aparecem pessoas carregando emblemas associados ao poder (lanças e espadas). Não existem imagens de dominador-dominado.
O que encontramos em toda a parte é uma rica coleção de símbolos da natureza que atestam o respeito pela beleza e pelo mistério da vida. Há elementos de manutenção à vida, ao sol e à água, como por exemplo, os padrões geométricos de formas onduladas representando as águas correntes. Serpentes e borboletas (símbolos da metamorfose) que são identificadas com o poder de transformação da Deusa.
Em toda a parte encontra-se imagens da Deusa. Ela aparece como a Senhora das águas, dos pássaros ou simplesmente a Mãe divina embalando o filho divino nos braços. Encontra-se imagens realistas e abstratas; imagens que provocam sensação de fantasia, sugerindo rituais e mitos; imagens que provocam um efeito de humor.
A Deusa representa a unidade de todas as coisas da natureza. Ela dá a vida a seu povo e alimento espiritual e material. Existem representações da Deusa grávida e dando a luz acompanhada de animais; ela representa a parte humana e a parte animal. Assim como toda a vida nasce dela, esta vida também retorna a ela na morte para renascer.
Os processos destrutivos da natureza também são reconhecidos e respeitados. Ritos tentavam conter processos mais desagradáveis.
A arte reflete uma forma particular de cultura e organização social. A arte centrada na Deusa parece ter refletido uma ordem social na qual as mulheres, cabeças de clãs e sacerdotisas, detinham papel fundamental e na qual tanto mulheres quanto homens trabalhavam juntos em parceria igualitária em prol do bem comum.
Naquela época, a imagem religiosa central era a de uma mulher dando à luz e não, como em nosso tempo, um homem morrendo em uma cruz. Isso nos faz deduzir que a vida e o amor à vida (em vez da morte e do medo à morte) dominavam a sociedade, assim como a arte.

O Cálice e a Espada - Comentário


O Cálice e a Espada


Mal comecei a ler o livro de Riane Eisler, "O Cálice e a Espada" - foram apenas 100 páginas até agora -, mas estou tão empolgada com o assunto que queria falar um pouco sobre ele.

A autora, através da análise de longas pesquisas arqueológicas e históricas, nos traz evidências da existência de sociedades pacíficas e igualitárias no nosso passado, atéo período Neolítico. Tais sociedades ela chama de "sociedades de parceria", organizadas pela cooperação e respeito entre todos os membros da comunidade e também respeito pela vida e pela natureza. Nessas sociedades, hierarquia, domínio pela força e violência não tinham lugar. Características tidas como "femininas" (na nossa visão de mundo atual) eram altamente valorizadas: o dar, o nutrir, o proteger. Um dos mais fascinantes exemplos dados é o da civilização cretense.

No entanto, culturas baseadas em valores "masculinos", ou seja, na guerra, na subjugação, na exploração do outro e do meio, vieram a destruir essas sociedades pacíficas através de invasões, o que nos trouxe ao momento em que nos encontramos: um mundo tomado por violência, lutas incessantes pelo poder, gastos astronômicos em armamentos, exploração e destruição do meio ambiente, etc.

A autora irá demonstrar (eu ainda não cheguei lá para ver como...) que é possível reencontrarmos esses valores de cooperação, parceria e respeito pelas diferenças, para construirmos um futuro melhor que o nosso presente. Que é possível que homem e mulher, velhos e crianças, sejam todos tratados da mesma forma, e que diferenças não signifiquem inferioridade ou superioridade. Que podemos voltar à cultura do "Cálice" - o nutrir, o dar vida - e abandonar a cultura da "Espada"- das guerras, da humilhação, do tirar vidas.

Adoro essa mistura de arqueologia, história, sociologia, antropologia, cultura. Adoro livros que nos fazem pensar como mesmo descobertas tidas como absolutamente científicas são também frutos de uma interpretação influenciada pela própria visão de mundo culturalmente determinada, o que nos deixa cegos para outras explicações e evidências que estão bem na nossa frente.



Sociedades de parceria

As relações entre patriarcado e as religiões monoteístas, se tornaram óbvias para muitos filósofos, arqueológos,
historiadores e outros estudiosos do assunto.
Spinoza no sec. XVI, já analizou com agudeza a lucidez as relações entre política e teologia, o uso de supertições,
ameaças e atos justificados na teologia para oprimir os seres humanos. Escreveu:"Tratado político-teológico".
Michel Onfray, filósofo francês, escreveu recentemente: "Tratado de Ateologia", onde disseca os males que as
religiões monoteístas e suas relações com as classes dominantes, tem trazido para a opressão, supertições, enganos, crueldades, mentiras, morais, etc, e tem contrubuído para fazer dessa terra um inferno.
Riane Eisler, feminista e historiadora, com seus livros:
"O cálice e a espada", segundo Ashley Montagu, o livro mais importante escrito desde a "Origem das espécies" de Darwin. Esse livro em espanhol, tem prefácio de H. Maturana, postula a existência do patriarcado, 4.000 a. C, onde aparecem determinados traços culturais que caracterizam nossa cultura até os dias atuais: Guerras constantes, relações de dominação-submissão, predomínio de uma pequena porcentagem de classe dominante política e sacerdotal por uma massa da população que vivem em condições mínimas de sobrevivência, crueldades e torturas terríveis, a mulher sem direitos humanos e dominadas em todas as civilizações, enfâse na reprodução, destruição ecológica, etc.
Riane Eisler contrapõe as sociedades patriarcais, estuda suas origens e seus traços culturais, com a sociedade de parceria, de colaboração, cooperação entre os sexos, que teria existido há 6.000 anos antes, segundo achados da arqueológa Marija Giambutas, e que atualmente essa parceria entre homens e mulheres nos traz novas esperanças.
Riane Eisler, escreveu outro livro: "O prazer sagrado", ed. Rocco, onde ela afirma
que o Êxtase sexual entre macho e fêmea, é a mesma experiência espiritual visada
pelas tradições místicas; essa separação entre corpo, natureza e espírito é fruto do
patriarcado, também a degradação das relações sexuais entre os sexos.
Esse último livro, em espanhol, também tem longo prefácio de Maturana, essa relação de parceria, anterior ao patriarcado, e tomando formas nos dias atuais, de modo incipiente, é o que Maturana vai chamar de MATRIZTICO.
W. Reich, Claudio Naranjo, Steve Taylor, para citar alguns autores, também vão tomar o patriarcado como estando nas origens do mal-estar em nossa cultura, como fundamento dessa "doença chamada homem".
Steve Taylor no livro "la caida", diz que o patriarcado tem 3 características fundamentais:
-As guerras...
-a dominação masculina...
-a desigualdade social...
Situa o aparecimento dessas características há 6.000 anos...
Diz ele:"Durante os 6.000anos, os seres humanos temos sofrido uma espécie de psicose coletiva e, nesse sentido, cabe afirmar que a história narrada da humanidade é, até certo ponto, uma loucura.
Porém o mais incrível de tudo é que temos chegado a considerar essa loucura como algo normal.
E que, uma vez que a loucura esta por todos os lados e afeta a todos igualmente, ninguém tem consciência do que é uma conduta saudável, racional, lúcida, e as práticas mais horríveis e abomináveis terminam convertendo-se em naturais. Por exemplo, parece "natural" que os seres humanos nos matemos uns aos outros, que os homens oprimam as mulheres, que os pais oprimam a seus filhos e que pequenos grupos ocupem quase todo poder e dominem grandes grupos. O abuso da natureza se converteu em algo tão normal que nos tem levado a um desastre ecológico, e nos leva a desprezar nosso própio corpo e culpar-nos por experimentar desejos que são completamente legítimos. Também parece "natural" que os seres humanos acumulemos grandes quantidades de riquezas que nunca podemos utilizar ou que persigamos de modo infatigável o êxito, o poder e a fama. E assim mesmo, é "natural" que, apesar de que consigamos incrementar nossa riqueza e nosso status social, nunca possamos sentir-nos felizes de nenhuma maneira, estamos sempre insatisfeitos...
Durante os últimos séculos-em especial o sec. XVIII- tem ocorrido sintomas de reativação de qualidades que existiram nas sociedades pré-patriarcais e que estão presentes em alguns povos "primitivos" ainda hoje, como a re-emergência da democracia e a igualdade social, o respeito com a natureza e o corpo e a consciência da realidade espiritual do Kosmos, etc; essas características estão tomando forças pouco a pouco..."
Então, Zé Renato Cella, "não estamos fodidos", temos esperanças...
Desejamos estas possibilidades? ou chegamos ao últimos dos homens, o niilista...?


Fonte: http://conversacoesliberadoras.blogspot.com/2010/02/sociedades-de-parceria.html
http://airesrover.blogspot.com/2010/02/livro-o-calice-e-espada-riane-eisler.html