sábado, 18 de fevereiro de 2012

O Jogo dos Autógrafos

por Mônica Teixeira
extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição 9/10 do ano I  da Revista Jogos Cooperativos.

Nesta edição vamos mergulhar em um jogo que já se tornou um clássico quando o assunto é sensibilização para a Cooperação. Vamos falar sobre o Jogo dos Autógrafos.
Quem conhece sabe bem o quanto esse jogo dá, como dizem, "pano pra manga" tanto em sala discutindo com os participantes num CAV após o jogo, quanto com facilitadores sobre como e com qual foco aplicar esse jogo.
Pesquisando acerca de sua orígem soubemos que o Jogo foi adaptado por Fábio Brotto (ver o jogo nesta versão na pg 19) da proposta apresentada por Celso Antunes (ver pg 20) Segundo contato com Celso Antunes, ele nos contou que utiliza esse jogo há mais de 40 anos e que possivelvente o leu em um pequeno livro ou apostila de Silvino Fritizen.

Mas porque o Jogo dos Autógrafos é tão falado?
Encontram-se muitas respostas para essa questão, de acordo com visões diferentes do jogo. Apresentaremos algumas nesta edição que não tem a pretenção de esgotar o assunto mas sim, verificar um pouco mais do que apenas relatar um jogo tão profundo e rico que merece mais destaque do que apenas a seção venha jogar. Desta forma o leitor poderá refletir, experimentar alternativas diferentes e tirar suas próprias conclusões sobre o jogo.
Fábio Brotto em seu livro "Jogos Cooperativos - Se o importante é competir, o fundamental é Cooperar", coloca que no ínicio usava esse jogo para clarear os motivos pelos quais as pessoas escolhem competir no lugar de cooperar e auxiliá-las a descobrir alternativas para uma nova forma de abordar conflitos e realizar metas grupais. Dentro dessa proposta foram identificados de acordo com suas observações após centenas de aplicações, 3 padrões de Percepção-ação". São eles a Omissão, a Cooperação e a Competição (ver tabela na Revista Jogos Cooperativos-Edição 06-pg04), que se manifestaram diante da necessidade de jogar para alcançaruma meta comum ou solucionar um problema. Dessas três visões resultam três formas de estar no mundo, se comportar e se relacionar com as pessoas (Leia artigo na pg 10, com minha visão sobre o tema). Embora tenhamos essas três possibilidades, a primeira resposta que normalmente observa-se nos grupos é o comportamento competitivo, o que torna o resultado alcançado muito inferiror ao resultado possível. Com esse dado, o grupo é levado à reflexão e observação do que efetivamente ajuda e atrapalha na obtenção de melhores resultados e a experimentar novas possibilidades. Nota-se através do comportamento dos grupos que o condicionamento para a competição está presente em nossa sociedade, mas quando refletem e percebem que através da cooperação poderiam ter melhores resultados com mais qualidade e que isso é uma questão de escolha as pesssoas passam a olhar para o mundo de outra forma e sua ação também passa a ser diferente.
Diversos autores relatam sobre a importância de se experimentar algo para se chegar ao conhecimento. Destacamos aqui uma fala de Celso Antunes, onde ele relata sobre a necessidade de trabalhar-se com técnicas de sensibilização; "...os valores essenciais da educação não se prestam a uma vivência quando transmitidos através de discursos; porque o conhecimento e a compreensão da realidade é mais facilmente alcançado pela vivência que pela informação; mas sobretudo porque as técnicas de sensibilização valorizam comportamentos e assunção de responsabilidades sociais, promovem o aprimoramento da identificação do outro como indivíduo, através de seus valores e não pelas eventuais embalagens que o revestem."
E esse é o ponto focal da Pedagogia da Cooperação, que através do Jogo Cooperativo, leva a pessoa a refletir, questionar e escolher o que é melhor para ela naquele momento. Talvez o grupo escolha usar uma só folha, talvez as pessoas optem por continuar cada um com a sua folha e melhorar suas marcas como relata Carmello (pgs 14-15) mas seja lá como for, creio que o principal papel dos Jogos Cooperativos é sensibilizar e criar esse momento de reflexão, proporcionando com isso uma visão de mundo mais consciente, o que leva a comportamentos mais inclusivos e um ser e estar no mundo mais qualitativo.
Leia, experimente... vivencie profundamente esse jogo tão rico e suas várias possibilidades verificando as dimensões que você pode alcançar através dele!

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