sábado, 18 de fevereiro de 2012

O que é o jogo?

por Mônica Teixeira

Atendendo a pedidos de nossos leitores, nas próximas colunas vamos abordar o jogo de forma geral. Para isso, começaremos navegando um pouco sobre diversos autores e suas opiniões.


Segundo autores como FREIRE, FRIEDMAN, PAES, BROTTO, entre outros, há muita controvérsia a respeito das noções de jogos, brincadeiras, brinquedo, atividade lúdica e esporte. A linhas que separam os jogos, esportes, ginástica, brincadeiras ou danças são muito tênues, servindo mais para uma definição didática.


BROTTO (2001 p 12) coloca que segundo Friedman (1996) não existe uma teoria completa do jogo, nem idéias admitidas universalmente, e apresenta uma síntese dos principais enfoques projetados sobre o Jogo Infantil:


SOCIOLÓGICO:influência do contexto social no qual os diferentes grupos de crianças brincam


EDUCACIONAL:contribuição do jogo para a educação; desenvolvimento e/ou aprendizagem da criança.


PSICOLÓGICO: jogo como meio para compreender melhor o funcionamento da psique, das emoções e da personalidade dos indivíduos.


ANTROPOLÓGICO: A maneira como o jogo reflete, em cada sociedade, os costumes e a história da diferenças culturais


FOLCLÓRICO: Analisando o jogo como expressão da cultura infantil através das diversas gerações, bem como as tradições e costumes através dos tempos nele refletidos.


O jogo é uma atividade típica do homem. O homem inventa jogos e se diverte com eles desde que se tem conhecimento de sua existência.


MONDIN (1980), em "O Homem Quem é Ele?" traz a imagem do: Homo Ludens (ser que joga e se diverte); Homo Sapiens (ser de vontade, liberdade, amor); Homo Loquens (ser de linguagem); Homo Faber (ser de trabalho e técnica). Para ele, a dimensão lúdica traz uma riqueza a mais á realidade humana, na medida em que envolve inteligência e vontade, ação e habilidade, e supera o conhecer, o querer, o agir, porque implica também alegria, satisfação e liberdade.


Sabe-se que impressões arqueológicas e pinturas rupestres demonstram a existência de certos jogos na antiguidade. Fala-se dos jogos entre os gregos, romanos e incas, e traz a década de 1950 como marco histórico: a introdução dos jogos simulados como instrumentos de aprendizagem, nos Estados Unidos.


JOHAN HUIZINGA, foi professor universitário e reitor da Universidade de Leyden na Alemanha, vivendo entre 1872 e 1945. Foi um importante historiados holandês e pioneiro nessa questão do jogo. Sua obra mais conhecida é Homo Ludens, que demonstra como o jogo está presente em tudo o que acontece no mundo, ultrapassando os limites da atividade puramente física ou biológica, tendo sentido próprio e determinado, ele considera o jogo como algo que é anterior á própria civilização e o define: " O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana" DHOME (2003, p 16). 


A palavra  "jogos" aplica-se mais ás crianças e jovens, exclui qualquer atividade profissional, com interesse e tensão e, por isso, vai além dos jogos competitivos e de regras, podendo contemplar outras atividades de mesma característica como: histórias, dramatizações, canções, danças e outras manifestações artísticas.


Para BARROS (1970, p 34), o jogo constitui uma atividade primária do ser humano. É principalmente na criança que se manifesta de maneira espontânea; alivia a tensão interior e permite a educação do comportamento, o aumento da coeficiência de auto-confiança e suficiência ,a expansão do eu, e, ás vezes, a sublimação das tendências instintivas; faz as crianças agirem contra o medo; favorece o desenvolvimento físico, mental, emocional e social. 


Para PIAGET, a atividade lúdica surge, inicialmente sob forma de simples exercícios motores. Sua finalidade é o próprio prazer do funcionamento. No período entre dois e seis anos, a tendência lúdica se manifesta sob forma de jogo, a criança tenta reproduzir as atitudes e as relações predominantes no seu meio ambiente; ela será autoritária ou liberal, carinhosa ou agressiva, conforme o tratamento que recebe dos adultos com os quais convive. Dos sete aos doze anos, conforme Piaget, as crianças aprendem o jogo de regras, que predomina durante toda a vida do indivíduo. Esta é uma conduta lúdica, que supõe relações sociais, pois as regras são controladas pelo grupo, sendo que sua violação é considerada uma falta. Para ele, o jogo na criança , inicialmente egocêntrico e espontâneo, via se tornando cada vez mais uma atividade social, na qual as relações interindividuais são fundamentais.


TEIXEIRA e MAZZEI (1967, p. 42), colocaram o jogos como base na educação física da criança, sendo uma atividade formativa bio-psico-espiritual imposta pela própria natureza servindo de motivo para atividades absolutamente indispensáveis na obra educativa. No desenvolvimento, um seguro natural que serve para despertar as capacidades de educando, cria situações através das quais o indivíduo revela o seu caráter e descobre sua alma permitindo intervenções diretas e oportunas.


Para GRAMIGNA, 1993, o jogo é uma atividade espontânea, realizada por mais de uma pessoa, regida por regras que determinam quem o vencerá, ou seja, em sua concepção necessariamente deve haver um vencedor e um vencido. Nas regras do jogo, segundo ela, estão o tempo de duração, o que é permitido e proibido, valores das jogadas e indicadores de como terminar a partida.


CELSO ANTUNES em entrevista cedida a Revista Jogos Cooperativos em Novembro de 2002 define jogo como sendo "uma relação interpessoal definida por regras."


FALCÃO (2003, P1). define jogo como "toda e qualquer interação entre dois ou mais sujeitos dentro de um conjunto definido de regras."

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