sábado, 18 de fevereiro de 2012

Pré...conceitos sobre Jogos Cooperativos

por Mônica Teixeira
extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição 7 do ano I  da Revista Jogos Cooperativos.

Existem algumas idéias pré...concebidas que envolvem os Jogos Cooperativos. Conversando com pessoas que pouco conhecem dos Jogos Cooperativos podemos destacar várias idéias com pouca ou nenhuma correspondência com a realidade e que envolvem os Jogos Cooperativos, criando barreiras para que se esteja aberto a conhecer um pouco mais sobre eles e perceber sua profundidade. Por essa razão, os chamamos aqui de PRÉ...CONCEITOS, ou seja, conceitos ou opiniões concebidas préviamente sem embasamento, levando em conta apenas uma visão parcial ou superficial do tema.Vamos falar sobre alguns dos mais comuns que normalmente encontramos no dia a dia...
Sem competição fica sem graça!
Tema muito comum e fácilmente derrubado com a experimentação de alguns jogos, pois os Jogos Cooperativos são desafiantes, envolventes, energizantes e quem os joga pode perceber bem. Na verdade, percebemos que o real grande desafio, é o da convivência e da tolerância, tornando o jogo possível para todos.
Só serve para criança.
Esse é outro pré...conceito, pois até Guillermo Brown, relatou em sua entrevista (edição 7, pg. 7) que por serem jogos, pensou só funcionarem com crianças e depois percebeu e comprovou na prática que os mesmos jogos poderiam servir para qualquer idade e qualquer público. Claro que existem alguns jogos que são mais voltados para determinada faixa etária, mas em sua maioria podem ser usados com qualquer idade. O que muda é a abordagem feita antes e depois do jogo, e por isso o focalizador precisa ser uma pessoa experiente com aquele tipo de público para poder extrair do jogo o que ele tem de melhor.
Adulto não gosta de brincar!
Esse pré...conceito é muito usado por organizações. Geralmente percebe-se uma grande preocupação do contratante com o envolvimento do grupo, questionando quanto aos resultados deste tipo de trabalho, principalmente quando são em sua maioria homens... mas na verdade o que se nota, nestes casos, é a dificuldade em convencê-los a parar de jogar, tamanha a carência que estas pessoas sentem em manifestar sua criança interior, abafada pelo normalmente sisudo e pesado ambiente organizacional.
O brincar faz parte do ser humano e já está mais que comprovado que o riso e a diversão podem melhorar seu QE (Quociente Emocional). Moreno, na teoria do Psicodrama, ressalta a extrema importância da espontaneidade, que vamos perdendo a medida que crescemos. Para podermos estar flexíveis e criativos, qualidades imprescindíveis hoje nas organizações, precisamos resgatar a espontaneidade perdida, a capacidade de rir e se divertir. Maria Rita Gramigna, aborda com propriedade esse assunto na edição 6 pgs 7, 8 e 9. Ao jogarmos, estamos mais inteiros e podemos nos expressar livremente como verdadeiramente somos. Como diz Maria Rita: "Quando adotamos atitudes infantis conseguimos ir à nossa essência e transcender o mito realístico do adulto." Vivenciando situações no jogo podemos entrar em contato com sensações, impressões e obter insights interessantes que auxiliam nossa postura e conduta no dia a dia e no trabalho.
Só é aplicável em aula de Educação Física
Realmente os Jogos Cooperativos encontraram na Educação Física, solo fértil para seu desenvolvimento, por ser a disciplina que trabalha o corpo e o lúdico. Atualmente eles são utilizados tanto em aulas de português e matemática como em treinamentos empresariais, trabalhos comunitários, transformação de grupos, etc...
Só serve para o pessoal que trabalha com recreação e lazer
Nessa área vemos uma difusão muito maior dos Jogos Cooperativos do que na Educação Física escolar, por exemplo. Talvez num primeiro momento, quando analisado superficialmente, os Jogos Cooperativos sejam vistos como apenas divertidos e interessante e como não tem um único vencedor, entendidos como brincadeira sem grande profundidade, mas isto é falso. Quando jogamos cooperativamente podemos internalizar valores essenciais ao ser humano e ao trabalho em equipe, aprender a viver melhor em sociedade agregando qualidade ao processo de convivência, e tantos outros benefícios.
Só funciona com grandes grupos
Funciona com todo tipo de grupo. Muitos jogos são para grupos de 15 a 40 pessoas e temos jogos para 100, 200 ou mais pessoas, assim como, podemos usar outros tipos de jogos como os de tabuleiro por exemplo que trabalham com 2, 3 ou 4 pessoas.
Procura acabar com qualquer tipo de competição
Esse é muito forte principalmente entre os profissionais de Ed. Física. Recentemente recebemos um feed back de um coordenador que utilizou o texto e a tabela (desta coluna) de nossa primeira edição com seus professores gerando grande polêmica, pois estes sentiram-se agredidos, acreditando que nos Jogos Cooperativos pregamos que competir é feio. Terry Orlick fala sobre a Co-opetição onde se esta empenhado em melhorar a performance e não destruir o adversário. (Na Edição 5 Inês Cozzo Olivares, pg 5,6 - aborda este tema). Existem os Jogos Semicooperativos, os Jogos de Inversão que também lidam com a Cooperação, dentro de um esquema competitivo (ver edição 2 – pg 4). Estes jogos são muito interessantes para equipes de rendimento, Ed. Física escolar, adolescentes, entre outros...
Não serve para treinamento de equipes de competição
Outro pré...conceito! Segundo o Prof. João Batista Freire "Um dos fundamentos mais importantes do jogo de equipe é o passe, que necessita de extrema Cooperação. O time que tem mais Cooperação é o que superará o desempenho do adversário. O maior desafio de treinadores de times coletivos é ensinar a passar. Por isso em todo jogo competitivo vamos encontrar Cooperação. É mais fácil encontrar Cooperação em jogos competitivos do que a competição em Jogos Cooperativos."

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