por Mônica Teixeira
extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição 11/12 do ano I da Revista Jogos Cooperativos.
extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição 11/12 do ano I da Revista Jogos Cooperativos.
As pessoas têm comportamentos diversos, esses comportamentos geram mais comportamentos e o mundo segue seu rumo...
Daí a importância da consciência de nossas atitudes e das atitudes dos outros, a fim de repensarmos e decidirmos o que convém ou não para nós e para nosso mundo.
Cooperação ou Competição, o que está escrito em meu sistema de Crenças?
No Dicionário Aurélio a palavra competição consta como sinônimo de luta, desafio, disputa, rivalidade. E a palavra Cooperação como comum, colaboração, ajuda, auxílio.
Follett, afirma que, ao competirmos, nossas paixões e interesses estão em conflito com paixões e interesses do outro e o "poder-sobre" (se um ganha, o outro perde; se um domina, o outro é dominado; se um se alegra, o outro se entristece; etc.) passa a ser o meio de resolução destes conflitos.
Já, em um processo de cooperação, essa relação muda. As paixões e interesses podem até ser diferentes - e normalmente são - mas os conflitos gerados por elas são construtivos (buscam a integração de diferenças), pois sua base está, como cita Follett, no "poder-com": se um ganha, todos ganham, pois este é o poder legítimo, o poder conjunto que traz enriquecimento e progresso para a alma humana.
Para cooperar é necessário um alto grau de convivência e de doação, assim como uma boa relação consigo mesmo, o que é um desafio para a maior parte das pessoas, sendo mais fácil colocar a necessidade de mudança no outro, e com isso se omitir. Lannes (2001, p.31) coloca que durante toda a vida fomos educados para encontrar alguém em quem colocar a culpa e relata como as crianças aprendem desde muito cedo a se defender encontrando o culpado. "... Não fui eu, não! Com essa frase, nossas crianças aprendem desde pequenas a se defender de possíveis punições dos adultos, quando algo sai errado. Esse comportamento não acontece, ao acaso, mas sim, uma semente plantada em seu modo de vida, que transmite a cultura de nossa sociedade: Ache sempre um culpado quando as coisas saírem erradas. A pergunta chave que dispara o comportamento é: "Quem foi que..."Por vezes tentamos ser mais suaves e dizemos: "Eu não vou bater, pode falar quem foi..."E assim vamos crescendo, até que ingressamos em alguma organização estruturada, seja ela com ou sem fins lucrativos, seja uma fábrica de foguetes, seja uma empresa de gestão do conhecimento e tecnologia, seja uma organização não-governamental de preservação ambiental. Logo nos deparamos com a necessidade de trabalharmos como um time, de maneira afinada. Mas como podemos trabalhar como um time, se nossa primeira preocupação é garantir o nosso lado, sem sermos punidos?..."
Como trabalhar em conjunto sem querer ganhar do outro a todo custo? Como podemos nos desenvolver enquanto equipe quando o foco está em competir?
A competição dificulta as relações, gerando um clima de medo, dependência, rivalidade, desconfiança e estresse; criando barreiras entre as pessoas.
Quando se tem a consciência deste contexto e dos efeitos de ambas as polaridades, Competir ou Cooperar passa a ser uma questão de escolha pessoal. Muitas pessoas desejam de fato cooperar, mas dentro de si tem muitas inibições, barreiras, emoções negativas e terminam voltando ao modelo competitivo.
Nesse contexto percebe-se três pontos mais marcantes:
1. A competição é muito forte em nossa sociedade, sendo reforçada a cada instante como natural e único caminho;
2. Quando a pessoa busca um caminho diferente é estimulada, direta e indiretamente a seguir com a maioria e precisa de uma força muito grande para insistir em um caminho alternativo.
3. O condicionamento para a competição está de tal forma instalado dentro do ser humano que quando ele percebe (se é que percebe), já foi.
A questão do condicionamento está ligada ao nosso sistema de crenças e valores e este sistema rege o comportamento humano.
Verificar quais as crenças que nos norteiam, ou seja, que tipo de programação existe dentro da pessoa é fundamental para qualquer realização e mudanças que se deseje.
Dudley Lynch e Paul Kordis do Brain Technologies Institute, criaram a Metáfora do Golfinho, da Carpa e do Tubarão, que demonstra três padrões básicos de funcionamento no mundo e o porque disto, ou seja, três tipos básicos de crenças que costumam estar presentes nas pessoas e por trás de suas atitudes. Vejamos quais seriam esses padrões através desta metáfora...
"Existem três tipos de animais: as carpas, os tubarões e os golfinhos. A carpa é dócil, passiva e quando agredida não se afasta nem revida. Ela não luta mesmo quando provocada. Considera-se uma vítima, conformada com seu destino. Alguém tem que se sacrificar, a carpa se sacrifica. Ela se sacrifica porque acredita que há escassez. Nesse caso, para parar de sofrer ela se sacrifica. Carpas são aquelas pessoas que numa negociação sempre cedem, sempre são os que recuam; em crises, se sacrificam por não querer ver outros se sacrificarem. Jogam o perde-ganha, perdem para que o outro possa ganhar. Declaração que a carpa faz para si mesma : "Sou uma carpa e acredito na escassez. Em virtude dessa crença, não espero jamais fazer ou ter o suficiente. Assim, se não posso escapar do aprendizado e da responsabilidade permanecendo longe deles, eu geralmente me sacrifico."
Nesse mar existe outro tipo de animal: o tubarão.
O tubarão é agressivo por natureza, agride mesmo quando não provocado. Ele também crê que vai faltar. Tem mais, ele acredita que, já que vai faltar, que falte para outro, não para ele! "Eu vou tomar de alguém!" O tubarão passa o tempo todo buscando vítimas para devorar porque ele acredita que podem faltar vítimas. Que vítimas são as preferidas dos tubarões?
Acertou, as carpas.Tanto o tubarão como a carpa, acabam viciados nos seus sistemas. Costumam agir de forma automática e irresistível. Os tubarões jogam o ganha-perde, eles tem que ganhar sempre, não se importando que o outro perca. Declaração que o tubarão faz para si mesmo: "Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão dessa crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros. Primeiro, tento vencê-los; se não consigo, procuro juntar-me a eles."
O tubarão é agressivo por natureza, agride mesmo quando não provocado. Ele também crê que vai faltar. Tem mais, ele acredita que, já que vai faltar, que falte para outro, não para ele! "Eu vou tomar de alguém!" O tubarão passa o tempo todo buscando vítimas para devorar porque ele acredita que podem faltar vítimas. Que vítimas são as preferidas dos tubarões?
Acertou, as carpas.Tanto o tubarão como a carpa, acabam viciados nos seus sistemas. Costumam agir de forma automática e irresistível. Os tubarões jogam o ganha-perde, eles tem que ganhar sempre, não se importando que o outro perca. Declaração que o tubarão faz para si mesmo: "Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão dessa crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros. Primeiro, tento vencê-los; se não consigo, procuro juntar-me a eles."
O terceiro tipo de animal: o golfinho.
Os golfinhos são dóceis por natureza. Agora, quando atacados revidam e se um grupo de golfinhos encontra uma carpa sendo atacada eles defendem a carpa e atacam os seus agressores. Os "Verdadeiros" golfinhos são algumas das criaturas mais apreciadas das profundezas. Podemos suspeitar que eles sejam muito inteligentes - talvez, à sua própria maneira, mais inteligente do que o Homo Sapiens. Seus cérebros, com certeza, são suficientemente grandes - cerca de 1,5 quilograma, um pouco maiores do que o cérebro humano médio – e o córtex associativo do golfinho, a parte do cérebro especializada no pensamento abstrato e conceitual, é maior do que o nosso. E é um cérebro, como rapidamente irão observar aqueles fervorosos entusiastas dedicados a fortalecer os vínculos entre a nossa espécie e a deles, que tem sido tão grande quanto o nosso, ou maior do que o nosso, durante pelo menos 30 milhões de anos. O comportamento dos golfinhos em volta dos tubarões é legendário e, provavelmente, eles fizeram por merecer essa fama.
Os golfinhos são dóceis por natureza. Agora, quando atacados revidam e se um grupo de golfinhos encontra uma carpa sendo atacada eles defendem a carpa e atacam os seus agressores. Os "Verdadeiros" golfinhos são algumas das criaturas mais apreciadas das profundezas. Podemos suspeitar que eles sejam muito inteligentes - talvez, à sua própria maneira, mais inteligente do que o Homo Sapiens. Seus cérebros, com certeza, são suficientemente grandes - cerca de 1,5 quilograma, um pouco maiores do que o cérebro humano médio – e o córtex associativo do golfinho, a parte do cérebro especializada no pensamento abstrato e conceitual, é maior do que o nosso. E é um cérebro, como rapidamente irão observar aqueles fervorosos entusiastas dedicados a fortalecer os vínculos entre a nossa espécie e a deles, que tem sido tão grande quanto o nosso, ou maior do que o nosso, durante pelo menos 30 milhões de anos. O comportamento dos golfinhos em volta dos tubarões é legendário e, provavelmente, eles fizeram por merecer essa fama.
Usando sua inteligência e sua astúcia, eles podem ser mortais para os tubarões. Matá-los a mordidas? Oh, não! Os golfinhos nadam em torno e martelam, nadam e martelam. Usando seus focinhos bulbosos como clavas, eles esmagam metodicamente a "caixa torácica" do tubarão até que a mortal criatura deslize impotente para o fundo. Todavia, mais do que por sua perícia no combate ao tubarão, escolhemos o golfinho para simbolizar as nossas idéias sobre como tomar decisões e como lidar com épocas de rápidas mudanças devido às habilidades naturais desse mamífero para pensar construtiva e criativamente. Os golfinhos pensam? Sem dúvida. Quando não conseguem o que querem, eles alteram os seus comportamentos com precisão e rapidez, algumas vezes de forma engenhosa, para buscar aquilo que desejam. Golfinhos procuram sempre o equilíbrio, jogam o ganha-ganha, procuram sempre encontrar soluções que atendam as necessidades de todos.
Declaração que o golfinho faz para si mesmo:
Declaração que o golfinho faz para si mesmo:
"Sou um golfinho e acredito na escassez e na abundância potenciais. Assim como acredito que posso ter qualquer uma dessas duas coisas – é esta a nossa escolha - e que podemos aprender a tirar o melhor proveito de nossa força e utilizar nossos recursos de um modo elegante, os elementos fundamentais do modo como crio o meu mundo são a flexibilidade e a capacidade de fazer mais com menos recursos".
Partindo desta metáfora, podemos perceber o mundo com a crença da carpa, do tubarão ou do golfinho e com isso escolher quais atitudes teremos na vida. Quando as pessoas estão em grupo percebe-se, três comportamentos básicos atuando: Omissão, Competição e Cooperação. Analisando estas atitudes, podemos perceber quais as crenças que estão por trás delas impulsionando-as a existir. Na omissão, percebe-se a crença da carpa a qual leva ao perde-perde, ou seja, a pessoa aliena-se, conforma-se ou está indiferente ao processo do grupo e todos inclusive ela perde com isso, quando está funcionando o Tubarão a direção é para a competição chegando ao ganha-perde - apenas um lado ganha; e no golfinho a Cooperação, onde ocorre o ganha-ganha, os dois lados conseguem satisfazer suas necessidades da melhor maneira possível para ambos.
É notório que as pessoas normalmente assumam atitudes diferentes dependendo do contexto e ambiente em que estão naquele momento, devido aos diversos papeis que assumem em suas vidas, mas por mais diferentes que possam ser essas atitudes, nota-se que existe um padrão que as rege, independente do papel que a pessoa assuma naquele momento.
Este padrão interno sobrepõe-se a tudo e rege as atitudes básicas de uma pessoa. A esse padrão a PNL denominou sistema de crenças e valores (Dilt’s, Halbon e Smith). O comportamento humano está intrinsecamente ligado a este sistema, que pode ser comparado com as raízes, se compararmos o ser humano a uma planta. Esse sistema, como as raízes, formam-se e crescem durante anos, sendo solidificado e reforçado a partir das vivências e estímulos recebidos do mundo externo. Ele determina, quais comportamentos a pessoa terá, sendo que esses comportamentos mudarão a partir do momento que esse sistema também mudar. Mesmo que em alguns momentos uma pessoa possa parecer ter assumido um comportamento diferente, se seu sistema de crenças e valores não modificar-se juntamente com eles, aquele não será o seu "padrão de funcionamento", não é seu "modus operandi" real. Para a pessoa agir de modo diferente, sem ter mudado internamente suas crenças, ela necessita vestir máscaras, ou seja, utilizar-se de "artifícios" para mostrar algo que de fato não tem para dar naquele momento, mas precisa aparentar devido a uma solicitação externa de algum tipo, que mobiliza nela essa necessidade. Isto pode funcionar por algum tempo, mas não todo o tempo, pois gera um estado neurótico e grande dualidade dentro da pessoa. Esse mecanismo necessita de muita energia psíquica para ser mantido, gerando grande exaustão, estresse e até futuramente uma psicose para que o sistema continue funcionando.
C.G.Jung, coloca que "O desacordo consigo mesmo produz o estado neurótico, a libertação deste estado só sobreviverá quando se puder existir e agir em conformidade com aquilo que é sentido como sendo a própria e verdadeira natureza". Esta visão se sintoniza com a visão de Jacob Levi Moreno quando descreve o conceito da Espontaneidade. "Quanto mais espontâneo, verdadeiro, coerente com seu interno o homem agir, mais saudável ele será". Portanto, é de vital importância que cada pessoa busque dentro de si suas crenças verdadeiras, aquelas que estão funcionando neste momento e a partir daí verificar se elas estão de acordo com os valores que se deseja cultivar na vida, e se convém mantê-las ou modifica-las.
Se a opção for modificar, é importante salientar que uma decisão racional não é o bastante, mas é o primeiro passo; como diz Humberto Maturana, "Cada movimento está sendo inibido à medida que ocorre" daí o valor da consciência do estado atual e das opções que estão à disposição. Uma mudança de atitude está extremamente vinculada a uma mudança de percepção, quando a pessoa percebe o mundo ao seu redor de uma forma diferente, tem a oportunidade de agir de forma diferente também, isso a leva a experimentar novas possibilidades, obtendo respostas novas do meio. Essas novas respostas podem ser mais satisfatórias e mais compensadoras que as antigas o que vai trazendo à pessoa uma forte necessidade de mudar de fato, a fim de continuar recebendo aquele tipo de resposta mais satisfatória. Portanto para uma pessoa mudar de fato, ela precisa comprometer-se com a questão e desejar muito, pois mudanças desta natureza pedem cuidado constante.
Vivenciando os Jogos Cooperativos, pode-se sentir essa diferença e analisar qual situação é mais compensadora, qual postura é mais interessante, tornando-se consciente do fato e optando-se por uma direção. As pessoas buscam seu bem estar a todo momento, mesmo quando estão proporcionando o bem estar ao outro. Dalai Lama coloca: "não podemos mais invocar as barreiras nacionais, raciais ou ideológicas que nos separam, sem repercusões destrutivas. Dentro do contexto de nossa nova interdependência, coonsiderar os interesses dos outros é claramente a melhor forma de auto-interesse."
Após tomada a consciência e tendo sentido a dimensão da necessidade da mudança optando por ela, é preciso esforço e muita coragem para empreender uma mudança profunda, como diz Peter Senge. Ele, utiliza o termo "mudança profunda" para descrever uma mudança que combina alterações internas nos valores, aspirações e comportamentos das pessoas juntamente a alterações "externas" nos processos, estratégias e práticas... "numa mudança profunda, ocorreu aprendizagem". Portanto, esta mudança profunda, vai muito além das atitudes e do ambiente. Não basta cortar o cabelo ou comprar uma roupa nova. Ela implica em limpar, cortar e replantar "raízes" internas, que cresceram durante anos numa direção muitas vezes oposta à qual deseja-se seguir neste momento. Este caminho pede determinação, perseverança, paciência e amor. Neste trilhar em busca de mudanças profundas, as pessoas passam por muitas etapas, sendo que algumas delas pode assemelhar-se à vida de um Salmão do Atlântico.
Se você não se sente carpa, tubarão ou golfinho...
Talvez, você esteja vivendo o Salmão!
O Salmão do Atlântico nasce nos pequenos riachos, calmos e límpidos. Após nascer se alimenta por um bom tempo da reserva (gema) que havia no ovo. Já um peixinho formado com 2 ou 3 cm, se alimenta de pequenos seres do leito do rio ao lado de muitos peixinhos como ele.
É assim também com o ser humano, que nasce e vive dependente das reservas que os outros fornecem. São durante certo tempo incapazes de buscar ou lutar pela vida.
Neste período, vão experimentando o mundo e assimilando a cultura ao seu redor, e com isso, formatam o sistema de crenças e valores que os vai guiar na vida.
O peixinho vai crescendo e vão surgindo manchas em seu corpo. Sua personalidade é agressiva e ele necessita auto-afirmar-se mostrando e impondo a sua força para os outros peixes de sua idade. Passa a maior parte do tempo sozinho em SEU território, o qual é bem demarcado e se invadido, é defendido com muita agressividade.
À medida que o ser humano vai se desenvolvendo dentro da estrutura social do ocidente, costuma assumir uma personalidade adolescente muito semelhante a do salmão adolescente. Quando está em grupo busca a auto afirmação, sendo que muitas vezes de forma agressiva. Na verdade, a agressividade, geralmente faz parte de seu dia a dia. Por ter uma energia de libido intensa e dificuldade para canaliza-la, a mesma escapa em determinados momentos como atitudes e comportamentos agressivos. Por vezes, essa necessidade é satisfeita de forma mais estilizada ou "politicamente" correta, na sintonia do ganha-perde, reforçando a crença da competição; esta ocupa grande parte de sua vida seja na escola, por popularidade, por sedução, por carinho e atenção, e isto pode ser feito baseando-se em princípios construtivos ou destrutivos, o que depende de seu sistema de crenças e valores. Muitas vezes nesta fase da vida, repetem-se comportamentos aceitos socialmente e inclusive reforçados pela sociedade, de atitudes competitivas de Tubarão baseadas na destruição, na falta, na "lei de Gerson", que o leva mais e mais a novas atitudes competitivas e com isso recebendo-as em troca (comportamento gera comportamento) enxergando e acreditando que o mundo funciona assim e que ele necessita ser assim também, se deseja viver neste mundo.
O Salmão nada sempre em frente, vivendo em rios cada vez maiores e com isso estando cada vez mais distante dos seus semelhantes. Esse nadar sempre adiante é um impulso inconsciente que o leva cada vez mais próximo do oceano.
A medida que vai amadurecendo, É comum, o ser humano, desejar seguir sempre em frente, buscando novos horizontes, "evoluir", crescer, "chegar lá", "ser alguém na vida". Se esse desejo estiver baseado na crença de que outros precisam perder para ele conseguir vencer seus desafios, tenderá a se afastar cada vez mais de seus semelhantes, encarando seus companheiros de trabalho, amigos e até familiares como concorrentes e obstáculos a serem vencidos, com isso omitindo-se ou cedendo como a carpa ou agindo como o Tubarão dilacerando as vítimas para poder vencer e chegar mais "longe". Nesse contexto muitas vezes esse "longe" o leva para tão distante dos outros e de si mesmo que só lhe resta caminhar mais e mais para longe dos outros e de si, a fim de alcançar algo que nem ele, muitas vezes, sabe mais o que é.
À medida que o Salmão vai adentrando o oceano, seu organismo começa a mudar internamente de forma radical, sofrendo grandes transformações para se adaptar a água salgada. Se essas transformações ocorressem com um ser humano, seria como se uma pessoa mudasse o organismo e em vez de respirar oxigênio (O2) passasse a respirar gás carbônico (CO2). Externamente ele também muda. As manchas em sua pele, vão gradativamente desaparecendo e a pele vai mudando de textura, assumindo um tom prateado, característico dos peixes do mar. À medida que o salmão vai mudando o seu corpo, ele também muda progressiva e radicalmente sua personalidade, passa de um comportamento agressivo e individualista (altamente competitivo), para agregativo e compartilhador (altamente cooperativo) vivendo em grupo, juntamente com os outros salmões.
Algumas pessoas, conforme vão avançando na vida em direção às suas necessidades, vão desenvolvendo uma nova visão do mundo e da vida. Passando por intensas transformações, que acontecem de dentro para fora, assim como acontece com o Salmão. Vão mudando internamente, e isto acaba refletindo em sua imagem externa. À medida que isto ocorre, sua atitude e comportamento também mudam. Com uma outra visão de mundo, e das possibilidades que existem, passa a conviver com seus semelhantes, pois eles deixam de representar uma ameaça, não acreditando mais na escassez, não precisa mais se defender, muito pelo contrário passa a compartir e descobre a riqueza do conviver.
Após um bom tempo, o grupo sente um forte impulso para retornar aos rios, voltar ao lugar onde nasceram (origens) e empreendem uma grande jornada de volta. Neste retorno, sua pele prateada muda de textura tornando-se opaca. Eles passam pelos largos rios calmos e tranqüilos de sua adolescência e tem tanta pressa em atingir seu objetivo que não descansam e não comem, eles precisam chegar logo...
Quando as pessoas estão em grupo, compartilham suas visões e passam a ter visões compartilhadas, enxergando a realidade com um colorido novo. Juntamente com essa nova visão de mundo, novos desafios surgem, os quais estimulam todos a participar. Seu envolvimento, com esse desafio é muito maior que com os desafios que tinham quando viviam sozinhos e a motivação para conquistá-los também. Buscando metas em conjunto o indivíduo sente-se forte, pois ele não é mais sozinho, a energia do grupo o alimenta e energiza.
A cada quilômetro o trajeto se torna mais desafiante, o grupo de salmões, precisa vencer além dos quilômetros, as corredeiras. Subir as corredeiras os deixam exaustos e quase sem forças, neste momento alguns tentam desistir, mas vendo a luta dos outros para subir, voltam a pular e pular até conseguir e continuam nadando sem descanso até chegarem às águas calmas de sua infância.
Quanto mais as pessoas avançam buscando suas metas na sintonia da cooperação e do ganha-ganha, muitas vezes os desafios aumentam tornando-se cada vez maiores. Atravessar alguns destes desafios muitas vezes parece impossível surgindo em alguns um sentimento de impotência, onde a pessoa sente-se sem forças para seguir adiante, percebendo-se perdida, desejando em muitas situações desistir e voltar a precária, mas segura existência de antes. Neste momento, a força do grupo mais uma vez ajuda a seguir adiante, e a dar o impulso que faltava para transpor mais um obstáculo e buscar o objetivo comum.
O impossível para um é possível para todos.
Quando chegam aos suaves riachos onde nasceram,a fêmea coloca os ovos e o macho os fecunda. E assim o salmão, cumpre sua missão de semear novas vidas.
Quando buscamos atingir nossas metas através da cooperação podemos somar nossas competências e trazer algo à vida, fazendo nascer o novo. Contribuindo uns com os outros somos capazes de gerar mais e mais vida.
Referências:
Lannes, L. et alli - Jogos Cooperativos nas Organizações, Editora SESC-2001
Lynch,D.-Kordis,P. - A Estratégia do Golfinho, Cultrix-98
Follett, M.P. O Poder. In: Graham, P. (Org.) Mary Parker Follett: Profeta do Gerenciamento. Rio de janeiro: Qualitymark Ed., 1997.
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