quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Aprender a desaprender

Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros. Tens que aprender a ser
mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais
discreta, tens que aprender... praticamente tudo.
Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais
rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz
terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito ``sabe-tudo``.Pois é. E o que a gente
faz com aquilo que a gente pensava que sabia?
As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações,
há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade
de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância. Mas nós já temos arquivos demais no nosso
winchester cerebral. Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E
isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a
arte de desaprender.
Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que
encontramos no caminho. Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se
divertir com os próprios erros. Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por
natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado. Desaprender a esperar que os
outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia,é melhor acreditar no poder
da nossa voz. Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da
gente mesmo, os dias passam cheios de oportunidades.
A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em
cima. Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas
hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida Basta desaprender o receio de
mudar.

Fonte: http://carlosoliveira.arteblog.com.br/568767/Aprender-a-desaprender/

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