domingo, 19 de fevereiro de 2012

A utilização do CAV para aplicação e exploração de filmes


O Ciclo de Aprendizagem Vivencial- CAV - tem sua origem nas pesquisas de David KOLB (1990), psicólogo americano. Para o autor, a noção de criação e transferência de conhecimento é muito mais do que uma mera reprodução. É um processo que passa pela reflexão, crítica e internalização do que é vivido.
Uma pessoa passa por uma experiência concreta, depois reflete sobre a situação e disso abstrai ou internaliza algum significado. Essa "bagagem" que passa a fazer parte dos conhecimentos, valores ou crenças dessa pessoa, pode então ser utilizada em outras situações, muitas vezes bastante diferentes da primeira. O ciclo é iniciado novamente.
O CAV ocorre quando uma pessoa se envolve numa atividade, analisa-a criticamente, extrai algum insight útil dessa análise e aplica seus resultados. Este processo é vivenciado espontaneamente no dia a dia, mas também pode ser criado, em situações controladas, visando alcançar focos de aprendizagem específicos.
Existem recursos de apoio à aprendizagem, tais como Dinâmicas de Grupos, Jogos Empresariais e Filmes, que possuem seus efeitos potencializados se associados ao CAV. Comprovadamente, a melhor forma de aprendizagem é a vivencial, sendo que o ciclo de aprendizagem só se completa quando passamos por cinco fases:
 Vivência: Realização da atividade;
 Relato: Expressão e compartilhamento das reações e sentimentos;
 Processamento: Análise do desempenho, discussão dos padrões;
 Generalizações: Comparação e inferências com situações reais;
 Aplicação: Compromisso pessoal com as mudanças, planejamento de comportamentos mais eficazes, e da utilização dos novos conceitos no dia- a- dia de sua atividade profissional.
Já há muito tempo o CAV é utilizado para exploração de Dinâmicas de Grupo e Jogos Empresariais, com excelentes resultados, uma vez que ele sistematiza o que acabou de acontecer na experiência vivenciada, e que poderia escapar de olhos e ouvidos desavisados.
Ao começar o meu trabalho com utilização de filmes do circuito comercial como recurso para o ensino-aprendizagem, percebi que o que se aplica a Dinâmicas de Grupo é igualmente aplicável à experiência de assistir a um filme visando promover ações de Treinamento e Desenvolvimento. Os efeitos que ambos provocam são bastante semelhantes, uma vez que permitem não só trabalharem os conceitos, ou seja, o hemisfério esquerdo do cérebro, mas também as experiências e o afeto das pessoas envolvidas, de forma a promover verdadeiras mudanças de comportamentos.

Aplicando o CAV na utilização de filmes:

Assistir a um filme sem realizar uma boa exploração posterior pode fazer com que vários resultados desejados não sejam alcançados, perdendo boa parte dos efeitos que se pretendia provocar.
As discussões grupais após um filme, se bem conduzidas, costumam ser riquíssimas, permitindo aos participantes se darem conta de detalhes, que sozinhos não alcançariam, pois o compartilhamento de percepções é sempre mais rico do que a observação e reflexão individuais.
Como, então, aplicar o CAV na exploração do filme? Na verdade é muito simples:
 Vivência: é o filme em si, que deve ser utilizado pelo moderador de grupo, observando os cuidados necessários com a fase de planejamento e execução (ver artigo: “A Vida Ensina e a Arte Encena” – Márcia Luz);
 Relato: é o momento de checar com o grupo o que acharam do filme, que sentimentos provocou. Algumas pessoas tendem a já exteriorizarem suas impressões racionais, técnicas, até para escapar da emoção, que pode ter sido gerada com o filme. Gentilmente, ouça-o e procure checar: “e você gostou?”. Esta pergunta permite que o participante faça contato com o que sentiu e não apenas com o que entendeu.
 Processamento: neste momento é hora de fazer perguntas sobre o filme, cenas que chamaram a atenção do grupo, frases, passagens, que provocaram impacto emocional e estímulo intelectual. Procure elencar as perguntas previamente, de tal forma que elas forneçam um encadeamento lógico ao grupo, mas isto é para ser uma trilha e não um trilho, ou seja, não cristalize em seu script; se a linha de raciocínio do grupo tomar outros rumos, apenas acompanhe, buscando resgatar através de novas perguntas, aspectos que tenham escapado do debate, e que sejam importantes para o enfoque que você pretende dar.
 Generalizações: é a hora de começar a traçar paralelos entre o enredo do filme e a vida real, fazendo com que o grupo perceba as semelhanças e/ ou diferenças entre o que ocorreu nas telas e o que ocorre diariamente nas Organizações. Que lições é possível retirar dos personagens para a sua vida, para a sua empresa? De que forma esta mesma história se repete em seu dia a dia? Como é possível construir/ adaptar esta realidade a sua volta?
 Aplicação: neste momento você conduz o grupo e traçar um plano de ação, individual ou coletivo, a fim de implementar novos conceitos adquiridos a partir do filme, sedimentando “insights” que obtiveram a partir da reflexão crítica da experiência vivenciada.
É importante que você tenha em mente, porém, que as etapas do CAV estão bem separadas aqui apenas para fins didáticos e para melhor conduzir sua linha de raciocínio, mas você não deve engessar a condução durante o debate, sob pena de perder a riqueza da discussão. Deixe que o grupo exponha suas idéias e percepções livremente, e através de perguntas vá direcionando o foco da aprendizagem para os conceitos que se pretende abordar.
Lembre-se, acima de tudo, que a experiência de aprender precisa ser livre de amarras, saborosa, divertida e enriquecedora para todos, principalmente para você!
Um abraço:
Márcia Luz
Email: plenitude@marcialuz.com.br
Site: www.marcialuz.com.br

Referências Bibliográficas:
- GRAMIGNA, M.R.M. Jogos de empresa e técnicas vivenciais. São Paulo: Makron Books, 1995.
- KOLB, D. Psicologia Organizacional.Atlas. 1990.
- MOSCOVICI, F. Equipes dão certo: a multiplicação do talento humano. 2. ed. Rio de janeiro: José Olympio., 1995. "

Fonte:http://www.umtoquedemotivacao.com/administracao/ciclo-da-aprendizagem-vivencial

Fonte: http://rosanacostatreinamentos.blogspot.com/2009/05/cav.html

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