sábado, 18 de fevereiro de 2012

Jogos Cooperativos - Extraindo o melhor do Jogo!

por Mônica Teixeira
extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição 4 do ano I da Revista Jogos Cooperativos.

Nossos leitores, tem participado ativamente com e-mails e cartas. Um tema que nos inspirou foi: Como ir além do jogo, passando
Em primeiro lugar, é preciso saber qual o objetivo a ser alcançado com aquele jogo (Lazer? Quebra-gelo? Integração? Sintonia? Estabelecer confiança? Demonstrar Conceitos?...) para que vou usar esse jogo?
É possível aplicar um jogo pelo simples prazer de jogar, reforçando a auto-estima, o compartilhar, o desenvolvimento de competências, a união, a confiança, etc.
Sabemos que o jogo traz em si um espaço para a aprendizagem podendo ter seu efeito potencializado, proporcionando aos "jogadores"algo mais ! Partindo de uma experiência concreta, que gera uma aprendizagem ativa, podemos ilustrar pontos de um curso, aula, treinamento, oficina, palestra, etc... Já disse Paulo Freire: "O homem não aprende apenas com sua inteligência, mas com seu corpo e suas vísceras, sua sensibilidade e imaginação."
Portanto, num processo de aprendizagem o ideal é vivenciar para depois compreender, pois, jogando, estamos simulando diversas situações, e desta forma podemos gerar o famoso "insight" ou como dizemos aqui no Brasil - "cair a ficha".
Quando o participante se envolve no Jogo, ele o analisa criticamente e extrai algum tipo de "insight", aplicando seus resultados na vida prática. Podemos dizer, neste caso, que ocorreu uma "Aprendizagem Vivencial".
Carl Rogers (1972) identifica a Aprendizagem Vivencial como um tipo de aprendizagem que tem como especificidade ser "plena de sentido" e apresenta suas características:
"Envolvimento pessoal - a pessoa inclui-se no evento da aprendizagem tanto no aspecto afetivo quanto cognitivo;
É auto-iniciada - Mesmo com estímulos externos, o senso de descoberta, de captar, de compreender, vem de dentro;
É penetrante - por suscitar modificação no comportamento, nas atitudes;
É avaliada pelo participante que sabe se a aprendizagem está indo ao encontro de suas necessidades;
É verificada pelo elemento de significação que traz ao participante. Significar é a sua essência."
Este processo de transformar a experiência em ação, normalmente não ocorre sozinho, as pessoas necessitam de um tempo de processamento, para tirar conclusões e fazer associações com sua vida. Neste momento, o Focalizador tem papel fundamental, pois é através de sua mediação que o participante pode ir mais fundo em sua reflexão.
Portanto para que ocorra aprendizagem é fundamental cuidar do processamento do jogo. Moscovici(1995) propõe neste momento a utilização do Ciclo de Aprendizagem Vivencial, que busca a participação ativa do grupo e a vivência plena no processo.
A autora descreve esse ciclo como: a experiência concreta por meio de uma atividade; a análise dessa experiência, através do compartilhamento de observações, sentimentos e reações; a busca da conceituação, pelo entendimento das semelhanças e diferenças observadas no grupo; a aplicação dessas descobertas na vida real.
Esse ciclo, aplicado ao Jogo, marca as seguintes fases:
1a Vivência - a atividade por meio da experiência concreta: o ato de jogar e se deparar com algo que leve os participantes ao novo;
2a Relato - a análise dessa experiência: através do diálogo e da reflexão dentro do grupo como um todo ou em duplas, trios, etc. Pode ser aberto ou estimulado por questões levantadas pelo focalizador. Fique atento para que todos que desejem, tenham oportunidade de falar. Cuidado com participantes que "falam demais" tomando todo o tempo do grupo;
3a Processamento - a busca da conceituação: associada à fase anterior por meio do entendimento das semelhanças e diferenças e associação da vivencia com padrões de comportamento no grupo e a sistematização da experiência vivida. Cuidado com respostas e/ou colocaçãoes prontas, fechadas e com a indução. Vale lembrar, que quem participa do jogo, tem sua bagagem, assim como, valores e crenças que nem sempre são os do Focalizador ou de outro participante e que devem ser respeitadas.
4a Generalização - associar a experiência com o dia-a-dia: fazer um breve paralelo, com a realidade, mantendo o foco no tema e no momento do grupo.O Focalizador está exercendo o papel de mediador, para proporcionar uma reflexão onde cada um processe a vivência a partir de suas experiências anteriores.
5a Aplicação - a proposta de aplicação dessas descobertas na vida real: ocorre uma síntese das reflexões e a proposta das aplicações dessas reflexões ao seu dia-a-dia.
Segundo Maria Rita M. Gramigna (1995), quando as pessoas vivenciam um jogo em todas as fases propostas, elas têm melhor chance de alcançar a aprendizagem por trabalharem, de forma harmônica, os dois hemisférios cerebrais.
Estimulamos o acionamento do hemisfério direito nas fases da vivência e do relato de sentimentos e o esquerdo nos momentos de avaliação, análise e analogias.
Ao fechar o Ciclo de Aprendizagem Vivencial, o comportamento final não somente estará pautado no racional, mas também no emocional, buscando assim, resgatar o ser humano integral.
Para saber mais:*Brown, Guillermo. Jogos Cooperativos - Teoria e Prática -

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